Segundo às pesquisas oficiais, as leguminosas podem ser responsáveis, quando em cultivos contínuos e por muito tempo, pela acidificação do solo. O manejo do solo deve ser importante quando conduzido em rotação de culturas ou em adubação verde. A prática de analisar o solo deve ser realizada constantemente para controle da acidez do solo. As aplicações de calcário devem ser feitas num menor intervalo de tempo. Outros fatores influem na acidificação do solo, como os teores de alumínio, ferro e manganês, além da matéria orgânica e os fertilizantes nitrogenados.
Nas condições de pH menor que 5,5 o alumínio, o ferro e manganês solubilizam e atingem teores tóxicos para as plantas. Por exemplo, a toxidez por alumínio é considerada como um dos fatores limitantes para a produtividade das culturas. Quando em excesso, o alumínio acumula-se nas raízes e dificulta a assimilação e distribuição do fósforo na planta, provocando uma deficiência do nutriente. O Al³+ é um dos componentes da acidez potencial: ele reage com a água liberando H+. Cada íon Al³+ pode liberar até 3 íons de H+, favorecendo a acidificação do solo. O teor de Al acima de 5 cmolc/dm³ é considerado alto, e a prática da calagem torna-se necessária. Os resíduos vegetais não incorporados, funcionam como um reservatório de nutrientes. Pela ação dos microorganismos do solo, estes nutrientes são liberados lentamente. Com o decorrer do tempo, o passar dos anos, há um aumento da matéria orgânica do solo devido à menor taxa de decomposição dos restos vegetais, que aumentam a fertilidade de solos ácidos com cargas dependentes de pH, associadas à matéria orgânica. O aumento de matéria orgânica do solo provoca um aumento no N mineralizável, que pode ser mais rápido nos sistemas de rotação de culturas com leguminosas. No sistema de não revolvimento do solo faz com que a aplicação de calcário seja superficial. Sendo assim, o pH do solo, os teores de Ca e Mg teriam aumento somente nas camadas superficiais.
Franchini, J.C. et al. estudando alterações na fertilidade do solo, em sistemas de rotação de culturas em semeadura direta, observaram que as perdas de Ca trocável podem ser maiores que às do Ca aplicado como calcário, principalmente em sistemas onde são utilizadas leguminosas como cobertura do solo e adubação verde. Observaram, também, que a aplicação de fontes nitrogenadas amoniacais em maior quantidade e a presença de tremoço como rotação de cultura, provoca acidificação do solo, caso em que o intervalo de aplicação de calcário deve ser reduzido. Isto visa recuperar os teores de cálcio trocável e elevar o pH do solo.
Segundo um trabalho realizado por Grapeggia Jr, Gentil et al., da Universidade de Santa Maria/RS, as leguminosas adicionam grandes quantidades de nitrogênio no solo; porém este nitrogênio sofre a nitrificação, com consequente lixiviação do nitrato, levando à acidificação do solo em pastagens com leguminosas. O nitrato lixiviado é o responsável pela acidificação do solo. As raízes das leguminosas liberam íons de hidrogênio (H+) ou de oxidrilas (OH-) em virtude da maior absorção de cátions ou ânions. Este desequilíbrio, na absorção de cátions e ânions, faz com que haja uma maior excreção de íons H+ pelas leguminosas, e uma acidificação na zona das raízes. A adição de grandes quantidades de massa verde pelas leguminosas ou seu uso continuado como cobertura, por muito tempo, pode provocar transformações no solo, e uma delas é a acidificação. No uso de mucuna com milho ocorrem processos mais intensos de acidificação porque a mucuna, no RS, os seus resíduos vegetais permanecem na superfície do solo todo o inverno, até a semeadura do milho, na primavera. Neste período há uma decomposição dos resíduos vegetais e a liberação de nitrogênio (N) no solo, sem a existência de plantas para promoveram a reciclagem deste nutriente. E como a mucuna, durante um período longo de utilização, acumula muito N, há uma possibilidade de uma nitrificação intensa e que grande parte deste N tenha sido perdido por lixiviação. É a acidificação do solo: intensa nitrificação com a lixiviação do nitrato. A solução apontada por Grapeggia et al. seria a implantação da aveia, cujo desenvolvimento é rápido, após o ciclo final da mucuna. Isto manteria, na camada arável, o N proveniente da mineralização dos restos vegetais da mucuna, o que reduziria a acidificação do solo. Os mesmos autores utilizaram o feijão de porco para reduzir o processo de reacidificação do solo, prolongando o efeito do calcário. Esta leguminosa pode ter material vegetal de natureza alcalina e liberar ânions orgânicos para o solo que vão reagir com H+ e Al³+ formando compostos orgânico-metálicos, aumentando o pH e diminuindo a toxidez do Al³+ para as plantas.
A acidificação do solo pode ocorrer de três formas:
1. dissociação do gás carbônico;
CO2 + H2O <---------> H+ + HCO3-
O H+, na fase sólida do solo, libera um cátion trocável que será lixiviado com o bicarbonato. O pH elevado favorece esta lixiviação, o que não ocorre, em grande escala, nos solos com pH baixo.
2. os fertilizantes nitrogenados, principalmente os amoniacais e a uréia, colaboram para acidificar o solo. As transformações destes fertilizantes no solo liberam H+ que, por sua vez, libera um cátion trocável para a solução do solo, o qual será lixiviado com o ânion que o acompanha, e, deste modo aumentando a acidificação.
3. a hidrólise do Al produz íons H+Al³+ + 3H2O <-------> Al(OH)3 + 3H+
O hidróxido de alumínio se precipita. O H+ é lixiviado pela água ou adsorvido aos coloides do solo aumentando a acidificação.
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Olá, por favor é possivel disponibilizar esse trabalho realizado por Grapeggia Jr, Gentil et al., da Universidade de Santa Maria/RS?
ResponderExcluirEu não tenho o trabalho disponível. Lendo trabalhos de pesquisa deparei-me com este assunto, mas não (infelizmente) anotei o link.
ExcluirBoa noite Gianne, Dr. Gastão e demais colegas.
ExcluirGianne, me cobre isto pelo e-mail: diego.uroda@pggchem.com .
Poderei lhe ajudar.