Métodos Recomendados para Cálculo da Calagem conforme o Estado Brasileiro

Os solos brasileiros se caracterizam por serem ácidos, pobres em bases trocáveis, o que acarreta uma baixa fertilidade dos mesmos. Ao longo dos últimos anos, os produtores adotaram ou vem adotando a correção da acidez do solo pelo emprego do calcário agrícola. Os que empregaram esta metodologia conseguiram safras maiores, aumento na produtividade, sem esquecer a utilização de uma adubação condizente com as necessidades das plantas e de acordo com os níveis dos nutrientes necessários e encontrados nas análise do solo. Outros aplicam calcário ao bel prazer sem se preocupar com a recomendação pela análise do solo

acarretando prejuízos pelo emprego deficiente ou pelo excesso da quantidade e provocando uma "super calagem". Os prejuízos decorrentes da super calagem podem ser piores do que não aplicar calcário. A pesquisa trabalhou muito em encontrar as fórmulas ideais para calcular a necessidade de calagem, e estas são indicadas para vários Estados brasileiros. O importante é o produtor consultar um agrônomo da sua região, o qual de posse do resultado da análise do solo e das recomendações da pesquisa, aconselhará a quantidade ideal para ser aplicada no solo. 

Métodos para cálculo da calagem conforme o Estado brasileiro

1) Estados do Espírito Santo, Pará, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul: utilizam o método neutralização pelo Al³ mais suprimento de Ca² e Mg².

NC (t/ha) = Al³ x 2 + [2 - (Ca² + Mg²)]

onde:

NC = necessidade de calcário em t/ha;

Al³, Ca² e Mg² = teores destes nutrientes na análise do solo em cmolc/dm³. Se o resultado for expresso em mmolc/dm³ basta dividir por 10 para se ter os valores em cmolc/dm³.

Convém lembrar que a calagem é recomendada para uma camada de 20cm do solo e com o calcário possuindo um PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) igual a 100%.

No Estado de Goiás quando os solos apresentam menos de 200 g/dm³ de argila ou 20% (g/dm³ dividido por 10 = % ou dag). A fórmula, neste caso, ficará:

NC (t/ha) = Al³ x 1,2 + [1,2 - (Ca² + Mg²)] 

Se o resultado apresentado for igual a zero (0), não há necessidade de calagem.

2) Estado de Minas Gerais:

N.C. (t/ha) = Al³.Y + [X - (Ca² + Mg²)]

Onde (Y), 

= 1 para solos arenosos (menos de 150 g/dm³ de argila);

= 2 para solos de textura média ( 150 a 350 g/dm³ de argila);

= 3 para solos argilosos (mais de 350 g/dm³ de argila).

(X) = 2 para a maioria das culturas

= 1 para espécies florestais;

= 2 para cafeeiro.

3) Estados do Pará, Paraná e São Paulo - utiliza-se o método de saturação por bases (V%). Este método consiste na elevação da saturação por bases trocáveis (V%) para um valor que proporcione o máximo rendimento econômico.

Análises de solos em que os cátions básicos e (H + Al³)  são expressos em cmolc/dm³

N.C. (t/ha) = (V2 –V1) x T / 100  (1)

Onde:

V2 = percentagem de saturação de bases V% exigido pela cultura;

V1 = percentagem de saturação por bases encontrado na análise do solo;

T = valor da CTC a pH 7.0 expresso em cmolc/dm³.

O valor de saturação de bases trocáveis (V2) vai depender da região. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul é 60%. No Paraná é de 70% e nos solos sob vegetação de Cerrados é de 50%.

Análises de solos em que os cátions básicos e (H + Al³) são expressos em mmolc/dm³.

Neste caso a fórmula é a seguinte:

N.C. (t/ha) = (V2 –V1) x T / 1000  (2)

Outra alternativa é dividir os valores da análise em mmolc/dm³ por 10 (neste caso tem-se cmolc/dm³) e utiliza-se a fórmula representada em (1).

Se no cálculo da CTC a pH 7.0 ou valor T, a análise do solo fornecer o teor de potássio K em mg/dm³, deve-se fazer a correção para cmolc/dm³.

cmolc/dm³ de K = mg/dm³ x 0,002564

Exemplo: 25 mg/dm³ K x 0,002564 = 0,06 cmolc/dm³ K.

No Paraná, no caso do arroz irrigado ou sequeiro, utiliza-se a fórmula:

NC (t/ha) = Al³+ x 2

4) Nos solos de Cerrados, as fórmulas empregadas são de acordo com os teores de argila e suprimento Ca² e Mg².

a) Solos com teor de argila > 200 g/dm³ e teor de Ca + Mg < 2 cmolc/dm³:

NC (t/ha) = Al³ x 2 +[2 - (Ca² + Mg²)]

b) Solos com teor de argila > 200 g/dm³ e teor de Ca + Mg > 2 cmolc/dm³ :

NC (t/ha) = Al³+ x 2

c) Solos com teor de argila < 200 g/dm³:

NC (t/ha) = Al³+ x 2   ou

NC (t/ha) = 2 – (Ca² + Mg²)

Utiliza-se a maior recomendação encontrada no cálculo das duas fórmulas.. O PRNT do calcário deve ser igual a 100%.

Correção da quantidade de calcário:

Lembre-se que a recomendação de calcário é para ser incorporado na  camada arável do solo (20 cm). Se for incorporado na camada 0-40 cm deve-se corrigir a quantidade encontrada multiplicando por 1,5.

Se o calcário for aplicado a lanço, deve-se corrigir a quantidade em 20% devido à deriva da aplicação e, por outro lado, à acidificação do solo pelos adubos nitrogenados.

Se o PRNT do calcário for menor que 100%, deve-se fazer a correção da quantidade. Neste caso divide-se 100 pelo valor do PRNT do calcário que está sendo utilizado. Por exemplo: um calcário com PRNT = 80%, a correção será 100/80 = 1,25. Neste caso , a dosagem será NC (t/ha) x 1,25. Se for de 65%, a correção da quantidade será 100/65 = 1,54 ou seja NC (t/ha) x 1,54.