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terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Fósforo no Solo e a Solubilidade dos Fosfatos

O fósforo, no solo, encontra-se na fase sólida – orgânica e inorgânica, e na fase líquida – solução do solo. Nesta solução ele está presente como ânions H2PO4 e HPO4 e sua concentração é menor que 0,01 mg/dm³. Esta é apenas uma pequena fração do fósforo total, e é a forma solúvel que as plantas absorvem. A absorção do fósforo pelas plantas se verifica sob a forma de ânions encontrados na solução do solo: o ânion H2PO4 predomina em solos ácidos e é chamado de ortofosfato primário; o ânion HPO4 em solos alcalinos e é chamado de ortofosfato secundário.
Tem sido adotada a expressão elementar de P para indicar os teores de fósforo ao invés de indicar o óxido P2O5. As plantas não utilizam nem o elemento puro e nem a forma de óxido (P2O5). É mais uma diferença acadêmica do que prática. Usam-se conversões como:
P2O5 x 0,437 = P
P x 2,29 = P2O5
Na dissociação, há formação de H+ que ocasiona um abaixamento do pH ao redor do grânulo de adubo.
Nos fertilizantes, o fósforo precisa combinar-se com hidrogênio, cálcio, oxigênio e outros elementos, porque as plantas não podem usá-lo, como os demais nutrientes, na sua forma elementar ou pura: na forma elementar, o fósforo queima-se quando em contato com o ar; o nitrogênio é um gás inerte, sem cor; o potássio se queima quando em contato com a água.
O teor de P2O5 em um fertilizante é expresso em porcentagem (%); é considerado prontamente disponível para as plantas em crescimento. Ele tem sido utilizado tradicionalmente para expressar o fósforo disponível. É chamado, também, óxido de fósforo, ou pentóxido de fósforo, ou anidrido fosfórico. Na realidade, o P2O5 nunca é encontrado como tal nos fertilizantes, mas o teor de fósforo contido neles tem sido expresso em P2O5%. É mais do ponto de vista histórico, tradição. Em ácidos onde não se verifica a presença de molécula de água ou, pelo contrário, se tem a presença de mais de uma molécula de água, ocorre o seguinte: 2 x H3PO4 = H6P2O8
3 x H2O     = H6O3
H6P2O8 - H6O3 =  P2O5
No material de origem do solo, o P encontra-se na forma mineral, em maior parte, como fosfato de cálcio. Pela ação do intemperismo e de outros fatores que atuam na formação do solo, o fósforo é liberado para a solução do solo. Parte do fósforo é “adsorvida” pelos minerais secundários, e parte é “absorvida” e incorporada pelos microorganismos do solo; isto faz com que aumente a proporção de fósforo orgânico. Apesar do fósforo total do solo ser muito grande, apenas uma parte dele está em equilíbrio com o fósforo da solução do solo, e pode ser utilizada pelas plantas durante o seu desenvolvimento. Esta fração de P total é chamada “lábil” e é avaliada através de extratores na análise do solo.
Os solos são deficientes em fósforo devido ao processo de fixação; as plantas precisam de fósforo para produzir grãos e frutos; a exportação de P pelos vegetais é grande, correspondendo até 0,5% da massa seca.
Na maior parte dos solos, a solução do solo é muito baixa em concentração de nutrientes. Entretanto nesta solução fraca passam bilhões de íons por meio de complexos de troca e processos de difusão, com a finalidade de prover as raízes das plantas e a partir delas as folhas, grãos e frutos. Porém, muitos fatores afetam estes processos: disponibilidade de água; suprimento de oxigênio; atividade microbiana; temperatura do solo; e concentração de nutrientes.
O suprimento de oxigênio é um fator muito crítico, pois faltando o oxigênio a produção de energia pelas raízes é comprometida, e, com isto, a absorção de nutrientes é limitada. É o caso dos solos inundados ou com má drenagem.
Quanto à temperatura, solos frios reduzem o processo de absorção porque a produção de energia respiratória é prejudicada. Nestas condições ocorrem deficiências de fósforo e zinco.
A rocha fosfatada é a principal fonte de fósforo: são os fosfatos naturais. Estes podem ser ígneos ou sedimentares. Os ígneos, de origem vulcânica, são de baixa eficiência agronômica; sua reatividade, no solo, é quase zero; são de baixa solubilidade nos extratores ácidos fórmico e cítrico; são insolúveis em água. As rochas sedimentares, por sua vez, formadas por depósitos de animais marinhos, são brandas, estrutura frágil, com maior substituição isomórfica; são mais reativas, pois sua solubilidade em extratores ácidos é maior, apesar de serem insolúveis em água; sua eficiência agronômica é mais alta.
Na minha opinião, considero fosfatos naturais reativos para aplicação direta na agricultura: quando forem de origem sedimentar com alta brandura; apresentarem alto teor de fósforo solúvel no ácido fórmico 2% relação 1:100; terem mais de 55% do fósforo total solúvel no ácido fórmico 2% 1:100; aplicados em pó ou submetidos a uma granulação soft que os permitam, em contato com a umidade do solo, voltarem rapidamente à forma de pó.
Para que haja aproveitamento do P pelas plantas é preciso que ocorra a dissolução da apatita: Ca10(PO4)6 + H = Ca + HPO4
Então, a eficiência do fosfato natural será maior em solos ácidos, onde o Al não seja limitante, e em solos com P e Ca baixos. Em solos com alto teor de Ca e pH maior que 5,5 esta eficiência agronômica cairá porque a reação de dissolução não encontrará condições favoráveis. Por causa disto, a indústria de fertilizantes utiliza ácidos para romper a estrutura cristalina dos fosfatos naturais pouco reativos com a finalidade de aumentar a sua eficiência agronômica.
Nos fosfatos parcialmente acidulados, oriundos do tratamento da rocha fosfatada com uma menor quantidade de ácido sulfúrico, uma parte do fósforo torna-se solúvel em água e a outra continua insolúvel em água. A Legislação de Fertilizantes, no caso dos fosfatos parcialmente acidulados, obriga garantir o teor de P2O5 solúvel em citrato neutro de amônio (CNA) + água. Os teores de P2O5 solúvel em água e total somente quando são vendidos isoladamente. Nestes fosfatos, tem-se uma liberação imediata do fósforo (vindo da solubilização) e a outra parte permanece insolúvel.
O fósforo solúvel em água reage instantaneamente no solo liberando grandes quantidade de fósforo que são adsorvidos aos colóides do solo. O fornecimento de P às plantas dependerá da reatividade do fósforo e da capacidade do solo de fixá-lo. Por isto os fosfatos devem ser aplicados no momento da semeadura, pois a ligação com os colóides do solo torna-se muito forte com o passar do tempo; além disto, os fosfatos devem ser aplicados em grânulos e na linha de semeadura para diminuir a área de contato com os colóides inorgânicos e tornar menor a adsorção.
E os fosfatos naturais reativos quando aplicados diretamente no solo? Os fosfatos naturais reativos (falo somente em reativos), pelo contrário, devem aumentar a área de contato com os colóides do solo e devem ser aplicados a lanço e incorporados ao solo.
Lembre-se! Só haverá liberação de P : quando o solo fornecer H para a reação; quando o P e Ca da solução, que foram liberados pela dissolução, sejam consumidos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Elevar os Níveis de P no Solo pela Adubação Corretiva

Para um máximo rendimento das culturas e elevar os níveis de fósforo (P) no solo, através da adubação corretiva, se preconiza a utilização de 3 a 10 kg de P2O5 solúvel em água para cada 1% de argila que o solo apresenta, para as culturas anuais.

Qual a quantidade de fósforo, na forma de P2O5, a ser adicionada ao solo com 200 g/kg de argila, usando-se os superfosfatos simples e triplo para elevar o nível do fósforo em 8 kg de P2O5. Como o supersimples fornece enxofre (S) e o supertriplo possui na sua composição o CaO, quais as dosagens a serem empregadas nos dois fertilizantes e os teores de enxofre(S) em kg/ha e o de cálcio (Ca) em cmolc/dm³?
Temos então um solo com 200 g/kg de argila = 20% de argila
"Como se usará 8 kg/ha de P2O5 para cada 1% de argila"
8 x 20 = 160 kg/ha P2O5
1) Utilizando o superfosfato simples (SS)

100 kg SS ................. 18 kg P2O5
......X......................... 160 kg de P2O5
X = (160 x 100) / 18 = 890 kg/ha de SS
Qual o teor de enxofre (S)?
100 kg SS .............. 8 kg de S
890 kg SS.....................X........
X = (890 x 8) / 100 = 71 kg de S/ha.

2) Utilizando o superfosfato triplo (ST)
100 kg ST .......... 42 kg P2O5
......X................. 160 kg P2O5
X = (160 x 100) / 42 = 380 kg/ha de superfosfato triplo.
Em relação ao cálcio,
100 kg ST ........... 12 kg CaO
380 kg ST ...................X......
X = (380 x 12) / 100 = 45,6 kg CaO/ha
"Podemos calcular o cmolc/dm³ de Ca, multiplicando cada 1% de CaO do produto pela constante 0.01783".
45,6 kg/ha CaO x 0,01783 = 0,81 cmolc Ca/dm³ 

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Adubação dos Citros nos Estados de Sergipe e Bahia

Os citros, no Brasil, são encontrados do Norte e Nordeste, ao Sudeste e Sul. Pelas características do solos brasileiro serem pobres em nutrientes e ácidos, a produtividade das laranjas ainda é muito baixa. Os citros desenvolvem-se melhor em solos com pH entre 6,0 e 6,5 e uma saturação por bases (V%) de 60 a 65. Por isto, esta cultura merece uma atenção melhor do produtor, com adoção de práticas modernas, visando o aumento da produtividade. Já publicamos, anteriormente, uma matéria sobre a calagem em citros mostrando os benefícios desta prática. Resta agora a adubação: e os Estados de Sergipe e Bahia serão o alvo desta matéria.

Adubação:
Para a recomendação de adubação é necessário que o citricultor tenha em mãos a análise do solo das áreas dos pomares. A análise do solo serve para conhecer o nível de fertilidade de um solo, e assim recomendar corretamente os fertilizantes. Quanto maior o número de amostras simples (subamostras) maior é a possibilidade de se ter uma amostra representativa. As plantas absorvem os nutrientes durante todo o ano, principalmente na época de floração e formação de novos ramos e folhas.Quando se aumenta a aplicação de potássio (K), utilizando o cloreto de potássio, aumenta-se a concentração de K disponível no solo.

ESTADO DE SERGIPE:

Pomar em formação:
Como aporte de fósforo (P2O5) usa-se 500 g/cova de superfosfato triplo, no plantio. Como fonte de matéria orgânica, usa-se o esterco de bovino ou torta de mamona ou esterco de galinha poedeira. O volume de esterco de bovino não deve ultrapassar 30% do volume da cova; a torta de mamona e o esterco de galinha não deve ultrapassar 10%. Quando se usa uma fonte orgânica deve-se esperar 30 dias para o plantio da muda, pois a mineralização da matéria orgânica libera calor. Em relação ao N recomendado pode-se substituir 1/3 da dose por produtos orgânicos, no plantio: 5 a 10 kg de esterco curtido, ou 3 a 5 kg de esterco de aves, ou 1 a 2 kg de torta de mamona por cova. O nitrogênio é o nutriente mais exigido pela planta cítrica durante a fase vegetativa. Na tabela abaixo sobre a recomedação de nutrientes aplicando matérias-primas, em vermelho está expressa a quantidade de supersimples, uréia e cloteto de potássio; logo abaixo, em preto, estão expressas as quantidades de nutrientes em N, P2O5 e K2O recomendadas, e baseadas na interpretação de P e K no solo. Em lugar do supersimples pode-se usar supertriplo corrigindo a quantidade a aplicar. A vantagem do supersimples é ele possuir enxofre (S) na sua composição.

Na tabela a seguir temos exemplos de como usar as fórmulas prontas de fertilizantes: basta saber em que faixas estão o P e o K no solo. Sabendo isto, usa-se a dose recomendada de P2O5 e K2O para tal faixa de interpretação e mais o N; tudo conforme a idade da planta. Obtém-se as necessidades de nutrientes, as relações simplificadas que multiplicadas por números (coeficientes) vão nos dar as fórmulas similares; e a partir destas as quantidades a aplicar.

Pomar em produção:
O nitrogênio deve ser aplicado com base na recomendação feita através de uma análise foliar; o fósforo (P2O5) e o potássio (K2O) com base no resultado da análise do solo. A quantidade de nitrogênio e de potássio deve ser fracionada em duas aplicações: no início e no final do período chuvoso; o fósforo deve ser aplicado numa única vez, no início das chuvas. Já nos pomares em formação ou em produção, pode-se usar 5 a 20 t/ha de esterco de curral, ou a 1 a 5 t/ha de torta de mamona. Os nutrientes devem ser aplicados em faixas, ao lado ou ao redor da planta. A faixa inicia 20 cm do tronco até 1,80 m do mesmo.O plantio de leguminosas entre as linhas pode ser uma opção como fornecimento de nitrogênio. O enxofre pode ser aplicado na adubação foliar – menos de 2 g/kg, usando sulfato de amônio (12% S) ou superfosfato simples (24% S). Quando o teor de magnésio, no solo, é menor que 1 cmolc/dm³, e na folha menor que 3 g/kg deve-se usar calcário dolomítico ou aplicação foliar de sulfato de magnésio de 4 g/L.
Micronutrientes:

ESTADO DA BAHIA:

Adubação de plantio:
É feita no sulco ou na cova usando-se calcário e superfosfato simples. Deficiência de boro (B) no solo - menor que 0,2 mg/dm³ - usar 1 g/m de B
Deficiência de zinco (Zn) no solo - menor que 1,2 mg/dm³ - usar 2 g/m de sulfato de zinco que pode ser aplicado junto com o supersimples.

Adubação de formação:
Inicia-se após o pegamento da muda até a idade de cinco anos. As quantidades de fertilizantes variam conforme o resultado da análise do solo e idade da planta. Pode se usar fertilizantes simples, misturas de grânulos, misturas granuladas. A uréia não deve ser aplicada em solo úmido e se seguido por mais de três dias de estiagem, pois há volatilização da amônia e perdas de N. Evitar a incorporação dos fertilizantes, por gradagem, pois danifica as raízes, cortando-as.
Adubação de produção
Começa a partir do sexto ano. Os fertilizantes são parcelados em quantidades e épocas de aplicação. Na Bahia, esta prática vai de março a agosto ou durante todo o ano se houver irrigação. Os fertilizantes devem ser colocados ao alcance das raízes para que haja um melhor aproveitamento dos nutrientes pelas mesmas. Nos citros, as adubações orgânicas e verde são recomendáveis. Os adubos orgânicos são capazes de fornecer N para as plantas. Os orgânicos nas quantidades abaixo fornecem, cada um, 10 kg de N:
2.000 kg de esterco de curral
500 kg de esterco de aves
200 kg de torta de mamona
Micronutrientes:
Nos pomares de produção os micronutrientes zinco (Zn), boro (B) e manganês (Mn) podem ser aplicados no solo ou via foliar: o boro, de preferência, por via solo; o zinco e o manganês, via foliar; utiliza-se a uréia e o cloreto de potássio como coadjuvantes nas aplicações foliares, pois melhoram a absorção dos micronutrientes. A melhor época para aplicá-los, via foliar, é durante o processo vegetativo da planta: em 3 a 4 aplicações parceladas. Na fase de produção, a primeira ocorre nos meses de janeiro e fevereiro. Quando a deficiência de boro for intensa aplicar 2 kg/ha de B em duas aplicações anuais.
Doses de micronutrientes por 100 litros de água
Zn – 300 g – sulfato de zinco
Mn – 300 g – sulfato de manganês
Cu - 250 g – hidróxido de cobre
B - 50 g – ácido bórico; ou 100 g borax
Mo - 30 g – molibdato de sódio

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Calagem e Adubação do Milho no RS e SC

A área plantada com milho no RS é de 1,28 milhão de hectares com uma produção de 5,1 milhões de toneladas alcançando uma produtividade média de 3.984 kg/ha. A FARSUL calcula que serão plantados na safra 2009/2010, 800 mil hectares; uma redução de 35%.
O baixo preço da saca de milho e a alta dos insumos estão desencorajando os produtores. Com isto, o milho vai ceder área para a soja que ganhará 500.000 para seu incremento. Há esperanças que a situação melhore nos próximos meses. O milho é uma cultura muito importante para o Estado: alimentação humana, e de animais (suinocultura e aves).

Calagem:
Os solos do Rio Grande do Sul são ácidos e para um bom desenvolvimento das plantas, que se traduza em aumento de rendimentos, é necessária a prática da calagem.
Leia mais sobre a determinação da calagem nos solos do RS.(clique aqui)

Adubação do Milho:

Nitrogênio (N):
No milho, o nitrogênio é recomendado em função do teor de matéria orgânica e da cultura antecedente.
Utiliza-se 15 kg/ha de N para cada expectativa de produção de 1.000 kg/ha. Se a cultura antecedente foi uma consorciação ou pousio utiliza-se a média de N recomendada para leguminosas e gramíneas, dentro de cada faixa de teor de matéria orgânica, e expectativa de produção.
As expectativas de rendimentos de 4, 6, 8 t/ha vão depender: do clima; disponibilidade de chuvas; semeadura em época ideal; alta densidade de plantas; irrigação; variedades de alto potencial de produção; correção da fertilidade do solo com todos os nutrientes aportados. Todas estas qualidades concorrem para uma expectativa de produção de mais de 8 t/ha.
Leia mais sobre inoculação de sementes de milho

Sistema convencional:
Recomenda-se de 10 a 30 kg/ha de N na semeadura, de acordo com a expectativa de rendimento; e o restante, em cobertura, quando as plantas apresentarem de 4 a 8 folhas; ou 40 a 60 cm de altura. Se o período for de chuvas e a dose de N for elevada, pode-se dividir a adubação de cobertura em duas partes com intervalo de 15 a 30 dias entre cada uma.

Sistema Plantio Direto (SPD):
Recomenda-se aplicar 20 a 30 kg/ha de N na semeadura quando for em resíduos de gramíneas, e 10 a 15 kg/ha de N quando o cultivo for em resíduos de leguminosas. Antecipando-se a adubação de cobertura com N para quando a planta possuir 4-6 folhas, consegue-se bons resultados. Quanto às fontes nitrogenadas, tanto o sulfato de amÔnio como a uréia proporcionaram rendimentos iguais, em aplicações superficiais. A escolha de uma ou outra fonte vai depender do custo da unidade de N de cada uma; a uréia tem 42-45% de N, e o sulfato de amônio 20% de N.

Fósforo (P) e Potássio (K)
No RS+SC, as recomendações de adubação em fósforo e potássio são estabeleciads para dois cultivos sucessivos: milho depois trigo; trigo depois soja; soja depois trigo. No caso do milho, as recomendações são estabelecidas para expectativas de produção de 4, 6 e 8 t/ha. A partir de 4 t/ha, acrescenta-se 15 kg/ha de P2O5 e 10 kg/ha de K2O para cada 1.000 kg de expectativa de rendimento. Elaboramos, abaixo, uma tabela onde o milho é plantado no 1° cultivo e novamente em sucessão, no 2° cultivo.


Na tabela abaixo, temos dois cultivos sucessivos: milho, no 1° cultivo; e trigo no 2° cultivo. Há, ainda, as necessidades de N, P2O5 e K2O em kg/ha e as fórmulas similares que podem ser utilizadas; elas fornecem as mesmas quantidades de nutrientes, apenas variando na quantidade de aplicação. A expectativa de produção de milho é de 6 t/ha, e a do trigo de 2 t/ha.


Após dois anos, uma nova análise de solo deve ser feita para verificar as condições de fertilidade do solo. É muito importante!.

Leia mais sobre "como calcular fórmulas similares"

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Adubação e Calagem da Soja no RS

Calagem:
A recomendação de calagem, no sistema convencional baseia-se no índice SMP; no sistema de plantio direto a recomendação é determinada pela análise dos critérios principais: pH em água e V%; não havendo concordância entre os dois critérios, analisa-se a porcentagem de saturação por Al (m%), e o teor de fósforo no solo. Leia mais sobre isto

Adubação da Soja:

Nitrogênio:
Devido ao processo de fixação biológica do N do ar pelas bactérias do gênero Risobium, não é recomendada a aplicação de fertilizantes nitrogenados na cultura da soja.

Fósforo e Potássio:
As recomendações para fósforo (P) e potássio (K) são determinadas pela Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC. Os assistentes técnicos das lavouras, os escritórios de extensão rural, etc, devem estar cientes das tabelas elaboradas por esta Comissão, para as diversas culturas, e assim recomendar as necessidades de adubação. A Comissão elabora tabelas visando dois cultivos em sucessão, e preconiza a prática de ser feita nova análise do solo após dois anos.
Vamos mostrar abaixo as recomendações para duas culturas em sucessão: no primeiro cultivo a soja, e no segundo cultivo, o trigo; conforme o teor de matéria orgânica e a interpretação de P e K no solo.


No trigo, a recomendação de nitrogênio (N) no plantio é de acordo com o teor de matéria orgânica; as quantidades levam em conta se a cultura antecedente foi uma leguminosa ou uma gramínea.
Convém chamar a atenção que as recomendações da Comissão para o trigo, a soja, são para uma expectativa de produção de 2.000 kg/ha.

Nosso objetivo aqui é mostrar que com as recomendações de nutrientes podemos chegar a diversas fórmulas que são similares, variando apenas a quantidade em kg/ha. Vamos supor cinco áreas de terra em que será feito um planejamento: plantio de soja no primeiro cultivo e trigo no segundo cultivo. Os dados de matéria orgânica e interpretação de P e K são hipotéticos.
Para a soja adotamos uma expectativa de produção média de 3.000 kg/ha. Para cada 1.000 kg/ha de expectativa de produção de soja, deve-se adicionar à recomendação a quantia de 15 kg/ha de P2O5 e 25 kg/ha de K2O, como fizemos no exercício. Na postagem já publicada "Encontrando fórmulas similares de adubo" mostramos como chegar às mesmas: leia aqui sobre este assunto



Como a cultura antecedente foi uma leguminosa (soja no primeiro cultivo) as doses de N, variam de 60 a 20 kg/ha conforme o teor de matéria orgãnica no solo. Mas quanto ao nitrogênio aplicado por ocasião do plantio do trigo, adotamos a dosagem de 20 kg/ha - pode-se usar de 15 a 20 kg/ha - e o restante deverá ser aplicado em cobertura.

Enxofre:
A soja responde à aplicação de enxofre (S). Em solos que apresentam teores de S inferiores a 10 mg/dm³ devem receber 20 kg/ha de S.

Micronutrientes:
A aplicação de molibdênio (Mo) deve ser feita em solos com pH em água menor que 5,5 , e quando a soja apresenta, no desenvolvimento inicial, uma coloração amarelecida generalizada das folhas; isto acontece porque o processo de fixação biológica ainda não está completamente eficiente. Uma maneira para evitar esta deficiência é, antes do plantio, misturar 12 a 25 g/ha de molibdênio com as sementes; ou quando a deficiência aparece na lavoura, aplica-se 25 a 50 g/ha de Mo, via foliar. Utilizam-se os molibdatos solúveis em água: molibdato de amônio que contém 54% de Mo; ou molibdato de sódio que possui 39% de Mo. A mistura de molibdato com as sementes deve ser feita antes da inoculação das mesmas. As aplicações foliares devem ocorrer 30 a 45 dias após a emergência.
Outros micronutrientes devem ser aplicados somente quando a análise do solo constatar deficiências de um ou mais elementos.
Entretanto, cuidados devem ser tomados quanto aos micronutrientes molibdênio e cobalto (Co): nas áreas que existe integração lavoura-pecuária, o teor de Mo nas pastagens deve ser avaliado constantemente. Sabe-se que a calagem eleva o pH, e isto aumenta a disponibilidade de Mo; por sua vez, o Mo pode afetar o metabolismo do cobre (Cu) em ruminantes. A aplicação de Mo no solo deve ser suspensa quando o teor do micronutriente, na parte aérea das plantas, atingir 5 mg/kg de Mo.
Quanto ao cobalto (Co), as quantidades a serem aplicadas não devem ultrapassar 3 g/ha de Co, para evitar a fitotoxidez para a soja.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Adubação da Cultura do Milho

O milho responde muito bem à correção da acidez e à aplicação de nutrientes através dos fertilizantes. A medida que aumenta a produção, as exigências de N e K são maiores; depois o Ca, Mg e P. É muito importante que o produtor de milho atente para o fato de aplicar no solo as técnicas modernas a fim de obter altas produções em suas lavouras que compensem os gastos com os insumos aplicados, mão de obra, investimentos, e principalmente a remuneração do seu trabalho. Hoje não se pode pensar mais em aventurar na lavoura: temos sementes de alta capacidade de produção desde que os produtores utilizem e apliquem as técnicas modernas, orientados por agrônomos e técnicos.
Nitrogênio (N):
É o nutriente mais absorvido pela planta de milho. Sua deficiência limita a produtividade. Entretanto, o N está sujeito a uma série de perdas: volatilização, desnitrificação, lixiviação. A sua eficiência na utilização pelas plantas é de 60%, motivada por estas perdas.
O nitrogênio (N), como o fósforo (P), é mais exigido na fase de desenvolvimento e no período de formação da espiga; a menor absorção se verifica no período compreendido entre a emissão do pendão e o início da formação da espiga. O importante são os solos apresentarem alto teor de matéria orgânica. Solos com baixos teores de matéria orgânica apresentam baixas produções ou torna-se oneroso a compensação com maiores quantidades de adubos nitrogenados. A mineralização da matéria orgânica, a reciclagem de resíduos de culturas e a aplicação de fertilizantes nitrogenados minerais ou orgânicos são as fontes de fornecimento de N para o milho. Podemos reduzir as aplicações de N se contarmos com bons teores de matéria orgânica no solo: para isto devemos dar ênfase à rotação de culturas; a integração lavoura-pecuária; a cobertura verde, etc. O plantio do milho sobre a palhada, de culturas anteriores, contribui para economia na aplicação de nitrogenados.
Para se determinar a quantidade de N recomendada para o milho deve-se levar em consideração o teor de matéria orgânica do solo, e a expectativa de produtividade.





O produtor deve planejar a sua lavoura: o essencial do negócio é a rentabilidade; deve-se levar em conta: os riscos; a ocorrência de geadas; a utilização de híbridos de alto potencial produtivo; a fertilidade do solo nas camadas de 0-20 e 20-40. Isto tudo satisfeito e havendo condições favoráveis, pode o produtor pensar em doses de N superiores a 150 kg/ha.
Para evitar a lixiviação, recomenda-se parcelar as doses de N nas seguintes condições:
1) solos arenosos – baixa matéria orgânica, baixa fertilidade, mal drenados:
até 30 kg/ha de N no plantio, e cobertura no estádio de duas a quatro folhas (V2-V4)
2) solos com menores perdas de N:
antecipar até 45 kg/ha de N; adubação de base na semeadura, e adubação de cobertura no estádio (V2-V4).
O milho, por remover grandes quantidades de N, precisa de adubação de cobertura com nitrogenados. E o milho responde à aplicação de nitrogenados com altas produções. A adubação nitrogenada antecipada deve ser feita no mesmo dia da semeadura para evitar perdas por lixiviação. A adubação em cobertura deve ser realizada até o estágio de 4 folhas, pois é nesta fase que se define o potencial produtivo do milho. Para a produção de cada 1.000 kg de grãos são exportados 16 kg/ha de N.
A adubação em cobertura do milho sequeiro deve ser feita com 40 a 80 kg/ha. Nas culturas irrigadas, devido às condições favoráveis para altas produtividades, deve-se aplicar de 100 a 150 kg/ha.

Fósforo:
O fósforo (P) é limitante à produção em solos da Região dos Cerrados. As exigências de P são menores que as de N e K. Mas sabe-se que do P aplicado ao solo, a planta aproveita de 15 a 25% devido à fixação do P no solo.

Potássio (K):
O potássio, após o N, é o segundo nutriente mais absorvido pelas plantas. Como nos demais Estados da Região Central, o teor deste nutriente, no solo, é pequeno: insuficiente para suprir as quantidades exigidas pelas culturas em sucessão. O milho também responde muito bem à aplicação de potássio (K). Aplica-se de 120 a 150 kg/ha de K2O. Em solos arenosos, a aplicação de doses superiores a 80 kg/ha de K2O, recomenda-se parcelar: metade da dose no plantio, e a outra metade junto com a adubação de cobertura nitrogenada. O potássio (K) é importante no período de 30 a 40 dias de desenvolvimento quando se verifica a máxima absorção; daí a necessidade de K como arranque neste período.



Enxofre (S):
Os solos do MS e dos Cerrados são deficientes em enxofre (S). A diminuição dos teores de matéria orgânica; o uso contínuo de fertilizantes cujas matéria primas apresentam pouco ou nenhum S; as quantidades extraídas pelas culturas contribuem para esta deficiência do nutriente no solo. Para se verificar a necessidade de enxofre é preciso fazer a análise do solo nas camadas de 0-20 e 20-40 porque este nutriente é muito móvel no solo e se acumula nas camadas mais profundas
A manutenção é feita com 5 kg de S para cada 1.000 kg de grãos de milho como expectativa de produção.
Micronutrientes:
No Brasil, o zinco (Zn) é o mais limitante à produção: principalmente na Região Central, em vegetação de cerrado. No caso de correção de deficiências, utiliza-se, via foliar, 400 l/ha de solução a 0,5% de sulfato de zinco neutralizada, com 0,25% de cal extinta.
As aplicações de calagens de maneira superficial (0-10 cm) ou rasa têm proporcionado problemas de deficiências de manganês (Mn).

Fonte: Embrapa. Fundação MS

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Adubação da Soja

A área plantada com soja no Brasil atinge 21,7 milhões de hectares. A produção nacional é da ordem de 57,1 milhões de toneladas.


A produtividade média está em 2.629 kg/ha ou 43,8 sacas/ha.
A soja responde muito bem à calagem e à adubação do solo. Como os solos do Brasil são deficientes em fósforo, há necessidade de repor este nutriente e outros que se fazem necessários. Para isto, uma boa amostra de solo, representativa da área, é questão fundamental para a recomendação da calagem e dos fertilizantes. O produtor não deve se descuidar desta prática pois ela é essencial, aliada a outras práticas culturais de acordo com a técnica, ao bom desenvolvimento da planta que irá se traduzir em ganhos de produitividade, compensando os gastos dispendidos na lavoura. Vamos abordar os macronutrientes primários NPK+S. Sobre os micronutrientes, já comentamos em publicações anteriores neste blog.

Nitrogênio (N):
O nitrogênio é o nutriente mais requerido pela soja. Para produzir 1.000 kg de grãos ela precisa de 83 kg de N. A principal fonte de N é a fixação biológica através das bactéria do gênero Rhisobium. Além da inoculação das sementes com as bactérias, é necessária a aplicação de 2-3 g/ha de cobalto (Co) e 12-30 g/ha de molibdênio (Mo). Estes micronutrientes são indispensáveis no processo de fixação biológica do N. A aplicação pode ser realizada via semente ou via foliar.

Fósforo (P):
É o nutriente importante na produtividade. Como os solos brasileiros são deficientes em fósforo, sua deficiência se manifesta no baixo porte da planta, na altura de inserção das primeiras vagens e na colheita.
Nos cerrados, a correção de fósforo deve ser feita quando vai se usar a área por um período de cinco anos com outras culturas como: milho, trigo, feijão. Ela pode ser feita de duas maneiras: a correção em uma única vez; e a correção gradual no plantio junto com a manutenção.



A adubação de manutenção é recomendada quando os níveis de P mg/dm³ estão em níveis médio ou bom.
Produção de 3.000 kg/ha – 60 kg/ha de P2O5
Produção de 4.000 kg/ha – 80 kg/ha de P2O5

Potássio (K):
Os solos dos cerrados se caracterizam por baixa CTC e baixo potássio. A soja responde à adubação com potássio. Na literatura há indicações que para cada 1 kg de K2O aplicado, a soja produz 8 kg de grãos a mais do que num solo sem adubação. A suficiência de K é de 30 mg/dm³ para solos arenosos e de 50 mg/dm³ para solos argilosos.
Solos com mais de 20% de argila – adubação corretiva total de potássio
Solos com menos de 20% de argila – não se deve fazer corretiva total de K devido às perdas por lixiviação.Para uma produção de 3.000/ha de grãos, aplicar 60 kg/ha de K2O. Nos solos com menos de 20% de argila deve-se preferir correção gradual de K à lanço ou parcelada. O parcelamento deve ser feito 50% da dose no sulco de plantio, e os restantes 50% em cobertura, 30 dias após a emergência.

Acima de 50 mg/dm³ usar adubação de manutenção (M) usando 20 kg de K2O para cada 1.000 kg de grãos a ser produzida

Atingido este nível deve-se fazer a adubação de manutenção (M) usando 20 kg de K2O para cada 1.000 kg de grãos a ser produzida.

Enxofre (S):
Os solos do MS e dos Cerrados são deficientes em enxofre (S). A diminuição dos teores de matéria orgânica; o uso contínuo de fertilizantes cujas matéria primas apresentam pouco ou nenhum S; as quantidades extraídas pelas culturas contribuem para esta deficiência do nutriente no solo. Para se verificar a necessidade de enxofre é preciso fazer a análise do solo nas camadas de 0-20 e 20-40 porque este nutriente é muito móvel no solo e se acumula nas camadas mais profundas A manutenção (M) é feita com 10 kg de S por uma produção esperada de 1.000 kg de grãos de soja.
Com base nas tabelas acima, podemos fazer as recomendações das quantidades de nutrientes a serem aplicados no solo através da utilização de fertilizantes químicos. Podemos usar várias fórmulas, que chamamos similares, que guardam uma relação constante entre seus nutrientes, e de acordo com as quantidades aplicadas estaremos colocando, no solo, a quantia correta dos nutrientes recomendados.


O importante é achar a relação em que estão os nutrientes; esta relação deve ser a mesma, ou com pouquíssimas diferenças, que encontramos na fórmula sugerida. E multiplicando esta relação por coeficientes (10, 15, 20, 18...etc), vamos obtendo as diversas fórmulas similares. Para saber a quantidade basta dividir o teor do nutriente recomendado pelo seu respectivo número na fórmula, e multiplicar por 100. Por exemplo: teor recomendado de potássio: 60 kg/ha de K2O ; valor do K na fórmula 00-20-15 é 15% de K2O. Logo: 60/15 x 100 = 400 kg/ha da fórmula 00-20-15. No quadro abaixo, podemos ver duas situações: diferentes teor de argila; diferentes interpretações de P e K no solo. As necessidades de P2O5 e K2O em kg/ha estão numa relação que multiplicada por coeficientes vão nos dar várias fórmulas que podem ser utilizadas (fórmulas similares), diferenciando-se, apenas, da quantidade a ser aplicada. Para outras interpretações de P e K, é somente adotar o mesmo raciocínio.
Fonte: Embrapa, Fundação MS

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Adubação do Café

Notícias dão conta que os cafeicultores dos cerrado mineiro diminuíram em 30% a adubação tendo em vista o aumento dos fertilizantes. O produtor que em 2007 pagava de 900 a 1.000,00 por tonelada de adubo, em 2008 teve que desembolsar de 1.500 a 1.600,00 para adquirir a mesma tonelada. Para 2009 a projeção de redução de safra gira entorno de 30%. E isto vai influir nos anos subseqüentes. Na adubação de um hectare de café, o produtor gasta 1,8 t de adubo. Segundo Pierre Vilela, da FAEMG, em 2005, o produtor para comprar uma tonelada de adubo precisava de 2,7 sacas de café. Em 2007, 3 sacas e em 2008, 4,2 sacas.
É claro que a planta adubada corretamente, com as necessidades de nutrientes por ela exigidas, responde com altas produtividades. Por outro lado, altas produtividades exportam mais nutrientes. Então, esta diminuição de 30% no emprego de fertilizantes refletir-se-á na safra e, conseqüentemente, nas safras seguintes chegando a um empobrecimento do solo se outras medidas não forem tomadas. Outros cafeicultores estão reduzindo os custos com fertilizantes usando a palha do café. Esta palha é rica em nitrogênio (N) e potássio (K). Obtém-se cerca de 8% de palha vinda da produção de café. A economia com fertilizantes químicos chega a 10%. Mas sempre é necessária uma análise do solo para aplicar a quantidade correta.
Na adubação do cafezal, o fósforo (P) é o principal nutriente, indispensável durante todo o ciclo da planta. Entretanto, este nutriente, nos solos ácidos sofre com a fixação e se liga ao ferro e alumínio formando compostos insolúveis não aproveitados pelas plantas. Daí a necessidade da calagem para liberar este fósforo tornando-o disponível para a planta. O baixo teor de matéria orgânica contribui, também, porque em condições normais a mineralização da matéria orgânica é importante para liberar fósforo disponível para a planta. Como o fósforo é importante na formação do sistema radicular, dizem que é importante aplicar o fósforo via radicular. Entretanto, como fonte de fósforo, não se usa em sua totalidade o superfosfato simples porque ele contém, além deste nutriente, mais o enxofre. Mas para não onerar os custos, os cafeicultores preferem usar uma fonte alternativa de enxofre (S). O sulfato de amônio é outra fonte de enxofre. Mas este fertilizante acidifica o solo. Os cafezais, na sua maior parte, estão situados em solos ácidos. Além da acidez são carentes em cálcio (Ca) e magnésio (Mg). O uso em grandes quantidades de sulfato de amônio contribui para acidificar mais estes solos. É preciso um equilíbrio. O desequilíbrio pode influir na eficiência dos fertilizantes e diminui consideravelmente a produtividade do cafezal.
No sul de Minas, no período de outubro a março é que a planta aproveita melhor os nutrientes quando a adubação é feita de 3 a 4 vezes. Os adubos nitrogenados que apresentam as maiores perdas por lixiviação devem ser aplicados em intervalos de 40-60 dias. Quanto ao potássio (K), duas aplicações são suficientes. Em solos arenosos, o potássio deve ser parcelado com o nitrogênio. O fósforo pode ser aplicado em uma única vez, como no caso da fosfatagem.

Adubação do PlantioDeve ser feita conforme o resultado da análise do solo. Por exemplo:
Para uma recomendação de 40 g/cova de fósforo e 20 g/cova de potássio temos uma relação 00-40-20. Dividindo-se a relação por 20 teremos uma relação simplificada 0-2-1. Multiplicando por 10, a fórmula encontrada é 00-20-10. A quantidade é encontrada dividindo-se a recomendação de fósforo (40 g) pelo teor do nutriente na fórmula (20) e multiplicando por 100. Chega-se a uma dose de 200 g/cova desta formulação. Adiciona-se até 1 g/cova de boro (B) e até 2 g/cova de zinco.
Conforme o teor de matéria orgânica no solo, aplica-se esterco de curral em L/cova.
Matéria orgânica <> 20 g/kg – 2 L/cova.

PegamentoProcede-se a adubação de cobertura utilizando-se 4 g/planta de N (10 g de uréia) de 2 a 3 aplicações, no período chuvoso. Isto é importante, pois a aplicação em períodos secos, com estiagem, provoca perdas de nitrogênio para o ar. Ou utilizar sulfato de amônio pois as perdas de N são bem menores, mas há o perigo de acidificar o solo pelas reposições continuadas. O adubo é aplicado ao redor da planta a uma distância de 10 cm do caule.

Primeiro ano após o plantioAplicar 6 g/planta de N (15 g de uréia) e mais 4 g/planta de K (7 g de cloreto de potássio por 2 ou 3 vezes, no período chuvoso. Em vez de utilizar os fertilizantes simples (uréia, cloreto de potássio), pode-se utilizar os fertilizantes em misturas. Neste caso, seria utilizada a fórmula 15-00-10 na base de 40 g/planta por aplicação.

Segundo ano e sucessivos
Aplica-se o dobro da recomendação para o primeiro ano. Neste caso, 80 g/planta da fórmula 15-00-10 por aplicação.

Terceiro ano e sucessivos
Seria a adubação de produção. Aqui, mais uma vez, chamo a atenção dos cafeicultores para realizarem a análise do solo e a análise de planta (foliar). A medida que se busca maiores produções de sacas/ha, a necessidade e a reposição de nutrientes aumenta. Existem tabelas de recomendação para os Estados produtores de café. Vamos supor que para uma produção de 50-60 sacas de café por hectare, as necessidades de nutrientes para um solo cuja análise foliar e do solo apresentaram os seguintes resultados:
N nas folhas – 27 g/kg
P – 8 mg/dm³
K – 0,17 cmolc/dm³. Em mmolc/dm³ seria 1,7
A recomendação técnica foi de 160 g/planta de N, 70 g/planta de P2O5 e 140 g/planta de K2O. Temos uma relação 160-70-140. Dividindo ela pelo menor número (70) teremos uma relação simplificada: 2,28-1-2. Multiplicando pelo coeficiente 8 chegamos a uma fórmula 18-8-16. Dividindo a recomendação, por exemplo, N (160) pelo N da fórmula (18) e multiplicando por 100, a dose será de 900 g/planta.
No caso de aplicar fertilizantes simples, as quantidade a serem usadas para os 160 N-70 P2O5-140 K2O seriam: 350 g de uréia, 150 g superfosfato triplo e 230 g de cloreto de potássio.
A adubação nitrogenada deve ser parcelada em 4 vezes e a com potássio em 2 vezes. Entretanto pode-se usar uma fórmula que contenha os dois nutrientes: NK. Ou seja, as necessidades são 160 N e 140 K2O.
Nitrogênio (N): 160 em 4 aplicações – 40 g/planta/aplicação
Potássio (K): 140 em duas aplicações – 70 g/planta/aplicação
Por aplicação temos: 40 N + 70 K2O. Dividindo por 70 teremos uma relação simplificada de 1-1,75. Multiplicando por um coeficiente 10, a fórmula será 10-00-18. A quantidade: 400 g/planta/aplicação.
As outras 2 de nitrogênio de 40 g por aplicação, seria 90 g/planta/aplicação de uréia.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Calagem e Adubação do arroz irrigado no RS - Parte II

Na "Calagem e Adubação do arroz irrigado no RS - Parte I, comentamos sobre as necessidades de calcário, interpretação da análise do solo quanto a sua necessidade, quando aplicá-lo, os micronutrientes, a toxidez do ferro. Nesta Parte II, vamos abordar os nutrientes NPK, as recomendações de adubação com estes nutrientes, de acordo com os teores dos mesmos no solo, e buscando um incremento de produtividade em t/ha, ou seja, uma produção acima da média da região com cultivares que não foram adubados; de acordo com o que se espera incrementar em termos de produtividade. Busca-se incrementar o potencial dos cultivares. Os dados foram obtidos através dos pesquisadores do Instituto Riograndense do Arroz - IRGA.

O Nitrogênio (N):
O nitrogênio no solo é proveniente da decomposição e mineralização da matéria orgânica. Portanto, neste caso, a matéria orgânica avalia a disponibilidade de nitrogênio no solo. Em relação ao nitrogênio, os cultivares de arroz irrigado são divididos em três categorias:
Cultivares tradicionais: aqueles que apresentam baixa resposta à aplicação de nitrogênio;
Cultivares intermediários: apresentam resposta intermediária – variedades americanas;
Cultivares modernos: são aqueles que apresentam maior resposta ao N.
Incremento de produtividade:
As tabelas de recomendação de nutrientes (NPK) são baseadas nos “rendimentos potenciais” de cada região, e no “incremento de produtividade”. O “rendimento potencial” de uma região é a produtividade média alcançada sem adubação. Por isto, nas tabelas de recomendação, a seguir, encontramos incrementos de produtividade de 2, 3, 4 t/ha.




Quando a radiação solar é alta – no período de 15 dias antes do florescimento e 15 dias depois – há probabilidades de rendimentos elevados, e, portanto a resposta do arroz à aplicação de quantidades maiores de nitrogênio (N); isto se consegue quando o arroz é semeado dentro da época recomendada.
A uréia e o sulfato de amônio são as fontes de N mais recomendadas – amídica e amoniacal, respectivamente – pois, nestas condições de solo irrigado, as perdas de N por lixiviação e desnitrificação são menores. Os fosfatos diamônio (DAP) e monoamônio (MAP) usados pelos fabricantes nas formulações, como fontes de nitrogênio e fósforo, também são recomendáveis quando aplicados em cobertura.
Se a cultura anterior foi uma leguminosa/gramínea, a recomendação de N pode ser reduzida em 30%; ou se em lavouras anteriores houve ocorrência de bruzone, visto que o desenvolvimento desta doença é favorecido pelo excesso de N; ou houve um exagerado desenvolvimento vegetativo.
A aplicação de N deve ser parcelada; em solo seco utiliza-se 10 kg/ha de N e o restante em cobertura. Nas dosagens inferiores a 50 kg/ha a aplicação de N deve ser feita numa única vez por ocasião da diferenciação da panícula.
Na cobertura pode-se aplicar a metade no início do perfilhamento (emissão da 4ª folha) e a outra metade na diferenciação da panícula. Em cultivares de ciclo longo - maior que 135 dias – aplica-se 1/3 no perfilhamento, 1/3 no perfilhamento pleno e mais 1/3 na diferenciação da panícula.
No sistema pré-germinado, a aplicação de N na semeadura não é indicada pelas perdas de desnitrificação.Nos solos secos, aplicar N em cobertura três dias antes da irrigação. A irrigação incorpora o fertilizante e o deixa disponível por um período mais longo. A aplicação sobre a água deve ser com a lâmina não circulante.

O Fósforo:
O nutriente fósforo (P) tem um papel muito importante no crescimento da planta, e devido a sua baixa mobilidade no solo, sua grande translocação no interior da planta, sua dose deve ser aplicada totalmente no plantio. Os fosfatos naturais reativos misturados com os fosfatos solúveis em água têm mostrado eficiência agronômica em solos com teores de P maiores que 3 mg/dm³.
Para solos com teores de P Mehlich acima de 3 mg/dm³ pode-se utilizar fosfatos naturais reativos. Mas lembre-se! “O fosfato natural deve ser reativo”. Fosfatos naturais reativos são aqueles que aplicados ao solo apresentam eficiência agronômica. Como saber se um fosfato natura é reativo? Quando o fosfato natural apresentar alta solubilidade num extrator, o ácido fórmico a 2%, na relação 1:100. Relação 1:100 significa 1 g de fosfato diluído em 100 ml de ácido. No Mercado Comum Europeu, os fosfatos naturais são considerados reativos quando apresentam mais de 55% do fósforo total solúvel em ácido fórmico 2%, 1:100. Quanto maior esta percentagem mais reativo é o fosfato natural.
Os fosfatos naturais de Gafsa, Arad, apresentam alta reatividade. Infelizmente os fosfatos naturais brasileiros são de baixa reatividade; prestam-se mais para serem solubilizados por ácidos fortes – fosfórico, sulfúrico – para a produção de fosfatos solúveis em água.
Em solos que receberam fosfatos naturais, como fonte de P, deve-se adotar o método resina. Para solos com teores acima de 6,0 mg/dm³ e 20 mg/dm³ de P – respectivamente Mehlich e Resina – as probabilidades de retorno econômico são muito pequenas, pois estes valores são considerados teores críticos. Neste caso, a adubação fosfatada deve, apenas, repor os nutrientes retirados pelas culturas.


O Potássio (K):
O arroz irrigado é exigente em potássio (K), mas apresenta baixa resposta ao nutriente. Isto pode ser devido ao K contido na água de irrigação, os processos de troca no complexo coloidal do solo, a liberação de K nas frações não trocáveis, pela inundação, e a substituição do K pelo sódio (Na); o sódio é abundante em grande parte dos solos cultivados com arroz.
Aqui, a capacidade de troca de cátions, CTC a pH 7,0 foi considerada:
Tabela K
O cloreto de potássio deve ser o principal fertilizante a ser usado nestes solos cultivados com arroz.
O sulfato de potássio (50% de K20), em condições de temperatura alta pode liberar H2S que é tóxico para o arroz.






Exercício:
Um produtor mandou fazer a análise do solo, na área a ser plantada com arroz irrigado, e o resultado foi 2,8% de matéria orgânica M.O., médio teor de potássio (K), uma CTC a pH 7,0 de 5,4 cmolc/dm³, um teor de fósforo (P) de 2,01 mg/dm³ pelo método Mehlich, e 8,0 mg/dm³ de P pelo método Resina. A meta é um incremento de produtividade de 4 t/ha. O produtor utilizará cultivares modernos com alta resposta à adubação. Na safra 2008/2009 foi plantado uma leguminosa, a soja, e vem ocorrendo nas safras anteriores o aparecimento da doença bruzone. Quais as fórmulas de fertilizantes similares que podem ser aplicadas na lavoura ?
Pelas tabelas anteriores de recomendação, as necessidades de nutrientes NPK são:
Nitrogênio (N): 110 kg/ha;
Fósforo (P2O5): 60 kg/ha;
Potássio (K2O): 70 kg/ha
Aplicação de N:como foi plantada soja na safra anterior e vem ocorrendo ataque de bruzone, vamos reduzir a necessidade deste nutriente em 30%, ou seja, vai ser preciso 77 kg/ha.
O produtor irá aplicar 10 kg/ha de N, no plantio, e 0s restantes 66 kg/ha ele irá aplicar em cobertura, dividindo a dose em 2 aplicações: 33 kg/ha no perfilhamento, e os restantes 33 kg/ha na diferenciação da panícula.
Então no plantio, será aplicado 10 kg de N, 60 kg de P2O5 e 70 kg de K2O. Temos uma relação entre os nutrientes de 10-60-70. Vamos simplificar esta relação dividindo todos pelo menor número; neste caso, 10. Obtemos uma relação simplificada 1-6-7. Para achar as fórmulas similares, basta multiplicar esta relação por coeficientes (2,3,4,...8).
Por exemplo, multiplicando por 3 a relação simplificada, teremos uma fórmula 03-18-21. Qual a quantidade em kg/ha desta fórmula para fornecer os nutrientes que o arroz precisa? É só "dividir a necessidade de qualquer nutriente – por exemplo, 10 – pelo teor respectivo do nutriente na fórmula, e multiplicar por 100". É o caso de (10/3) x 100 = 333 kg/ha. Ou (70/21) x 100 = 333 kg/ha. No quadro abaixo são apresentadas outras fórmulas similares, seguindo este raciocínio.





Estas fórmulas encontradas baseiam-se nos dados hipotéticos apresentados como espelho dos teores de nutrientes encontrados no solo, e que serviram para a execução do exercício. Na prática, é só identificar os teores de nutrientes de uma análise do solo, estabelecer as recomendações de nutrientes, elaborar a relação simplificada, e chegar às formulas de fertilizantes similares.

Convém alertar, entretanto, que os “incrementos de produtividade” dependem da utilização de sementes certificadas, o bom manejo do solo, controle de pragas e doenças, e outras práticas, são essenciais para um incremento da produção. Esquecer isto e só pensar em adubar, não resolve nada. As recomendações de adubação são uma média da resposta do arroz irrigado à adubação e ao incremento de produtividade. As dosagens devem ser ajustadas à capacidade de resposta dos cultivares a este incremento. Nada adianta utilizar altas recomendações de nutrientes visando um máximo de incremento na produção, e utilizar cultivares de arroz tradicionais, de baixa resposta.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Adubação Foliar - micronutrientes nas culturas da soja e milho

Cultura da soja
De todos os micronutrientes necessários ao desenvolvimento da soja, o molibdênio (Mo) e o cobalto (Co) são os mais importantes. Eles exercem um papel fundamental na fixação do nitrogênio (N) do ar pelas bactérias do gênero Rhysobium que necessitam de ambos nutrientes. Os solos brasileiros, em geral, são pobres em molibdênio e cobalto. 0s solos dos cerrados são os mais pobres. Já os solos do Rio Grande do Sul e Paraná apresentam teores maiores de cobalto (Co) e menores de molibdênio (Mo). Daí a utilização de maiores concentrações de molibdênio. A soja responde muito bem às aplicações de molibdênio com altas produtividades. Em solos com pH abaixo de 5,5 e a soja apresentando sintomas de deficiência na fase incial de desenvolvimento, pelo amarelecimento das folhas, ocasionada pela baixa eficiência das bactérias Rhysobium na fixação do nitrogênio do ar, é resolvido com aplicações de molibdênio. A utilização em excesso de cobalto provoca um amarelecimento das folhas da soja na fase inicial de desenvolvimento. O excesso de cobalto inibe a ação do ferro (Fe).
A pesquisa, através da Embrapa, recomenda a utilização destes micronutrientes, seja no tratamento de sementes ou via foliar.
O tratamento de sementes é feito com 12 a 25 g/ha de Mo e 1 a 5 g/ha de Co. Uma aplicação média de cobalto de até 3 g/ha, é uma dose segura para evitar a fitotoxidez para a soja. Quando o molibdênio é aplicado nas sementes, ele deve preceder a inoculação das mesmas. Na aplicação foliar, utiliza-se 30 g/ha de Mo, 20-35 dias após a emergência. Uma aplicação é ótimo, se bem que os dois tratamentos (sementes e foliar) sejam importantes. Em solos arenosos deve-se usar a dose mais elevada. No caso da soja destinar-se à produção de sementes é recomendável fazer mais uma aplicação na época de enchimento dos grãos, pois estaremos garantindo teores maiores de molibdênio na semente, o que garantirá uma melhor fixação de nitrogênio do ar na próxima germinação das mesmas. Os teores de molibdênio devem ser maiores que 2 mg/kg de semente, já que de 1 a 2 mg/kg é considerado baixo. Como fonte de molibdênio solúvel em água pode-se utilizar o molibdato de amônio (54% de Mo) e o molibdato de sódio (39% de Mo). Os produtos devem ser quelatizados, pois garantem a maior estabilidade, compatibilidade com defensivos e melhor aproveitamento pelas bactérias Rhysobium e, consequentemente, pela planta.
ATENÇÃO: como o molibdênio não pode ser quelatizado isoladamente, o melhor é fazê-lo com o cobalto.
Atentar para o fato de que algumas matérias-primas de molibdênio e cobalto não podem ser utilizadas quanto a sua compatibilidade com o Rhysobium. Ler os rótulos e bulas dos produtos.
Onde existe integração lavoura-pecuária deve-se cuidar o teor de molibdênio nas pastagens. Com a elevação do pH do solo quando se faz a calagem, o Mo tem a sua disponibilidade aumentada podendo afetar o metabolismo do cobre (Cu) em ruminantes. Quando o teor de Mo nas partes aéreas das plantas atingir 5 mg/ha, deve-se suspender a sua adição ao solo.
Como no Brasil os solos são ácidos, a calagem torna-se necessária. A elevação do pH do solo torna o manganês (Mn) menos disponível para as plantas, ocorrendo os sintomas de deficiência traduzida pelo amarelecimento da planta. O manganês é responsável pelo aumento da produtividade, melhor germinação, pelos teores de proteína e óleo. Para corrigir a deficiência de manganês utiliza-se aplicações foliares de 500 g de Mn no início do florescimento. Isto soluciona o problema. Poderão ser necessárias até duas aplicações. Por sua vez, o manganês pode ser quelatizado. Entretanto, o quelato deve estar especificado no rótulo. Na complementação foliar, as doses recomendadas são de 150g/ha de quelatizado na forma de nitrato ou cloreto de manganês; 250 g/ha Mg-EDTA à base de sulfato.
Outro micronutriente, o boro (B) é aplicado via foliar na flor da soja. Isto melhora a fecundação prevenindo o abortamento de flores e vagens. Este abortamento ocasiona uma redução drástica da produtividade e a prevenção com boro evitará este sério problema. O produto deve ser aplicado antes da florada. O nutriente cálcio ajuda na função do boro. Podem ser aplicados até 500 g de boro.
Quanto aos micronutrientes cobre (Cu), ferro (Fe) e zinco (Zn) devem ser aplicados até o florescimento da plantas. O zinco emprega-se de 50 a 150 g/ha. Quanto ao cobre, a dosagem é de 50 a 100 g/ha.
Os adubos foliares que contêm Mn na sua composição, quando em misturas com herbicidas, provocam uma reação química no tanque de pulverização formando precipitados que causam entupimentos dos filtros e dos bicos dos pulverizadores. Há um prejuízo na operacionalidade das pulverizações. Consulte o seu técnico – existem no mercado produtos que foram testados e que melhoram a incompatibilidade.

A adubação foliar não é somente para a cultura da soja. O crescimento da área cultivada com algodão nos cerrados, o aumento do uso de zinco na cultura do milho, o aumento do número de pulverizações fitossanitárias na laranja e o uso de fertilizantes minerais têm contribuído para o aumento do consumo de fertilizantes foliares.

Cultura do milho
O manganês (Mn) é aplicado quelatizado e na forma de sais. Deve ser aplicado quando a planta de milho apresentar 6 folhas. Em híbridos de milho que são suscetíveis à deficiência de Mn, deve-se fazer duas aplicações.
O cobre (Cu) é empregado na dose de 400g/ha divididos em três (3) aplicações:
200g/ha no estágio de 4-5 folhas;
100g/ha no estágio de 7 folhas;
100 g/ha no estágio de 8 folhas.
Quanto ao zinco (Zn) usam-se doses de 100 a 400g/ha quelatizado e na forma de sais que são aplicados junto com inseticida para a lagarta do cartucho (entre a 4ª e 5ª folha).

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eficiência dos Fertilizantes - Parte II - perdas de Fósforo e Potássio

Na postagem Parte I sobre a Eficiência dos Fertilizantes em relação às perdas de nutrientes no solo, comentamos sobre o Nitrogênio: Ciclo do N, processos que ocorrem no solo, perdas do nutriente. Vamos prosseguir, nesta postagem, comentando as perdas de fósforo e o potássio.
Para acessar o artigo Eficiência dos fertilizantes - Parte I - perdas de nitrogênio 
(Clique aqui)

O FÓSFORO:
Dos três macronutrientes primários (NPK) exigidos pelas plantas, o fósforo é absorvido em pequenas quantidades. Mas sua presença no solo é indispensável para o crescimento e produção de grãos e frutos. Afirma-se que quando as plantas atingirem 25% da altura total, elas já armazenaram 78% de suas necessidades totais em fósforo. Isto explica porque deve haver um suprimento adequado de fósforo no momento que as plantas começam a germinar, particularmente em plantas de ciclo curto. Os fertilizantes fosfatados, sob a forma solúvel em água, reagem, no solo, com o ferro, alumínio, argilas, matéria orgânica, formando compostos insolúveis não aproveitáveis pelas plantas. Por isto, uma cultura aproveita apenas 15 a 30% do fósforo aplicado como fertilizante. Isto explica o porquê das fórmulas de fertilizantes (NPK) apresentarem o teor, relacionado ao fósforo, em maior quantidade se as plantas exigem pequenas quantidades deste nutriente. Por exemplo: a fórmula 5-30-25 é um adubo NPK contendo 5% de nitrogênio (N), 30% de fósforo (P) e 15% de potássio (K). Nesta fórmula, o maior nutriente em quantidade é o fósforo (P=30). Por que? Como vimos as plantas aproveitam de 15 a 30% do fósforo aplicado no solo. Portanto, a necessidade de se utilizar fórmulas com altas concentrações de fósforo para liberar aquela quantidade que a planta necessita para o seu desenvolvimento até à maturação. O restante do fósforo que foi fixado no solo será liberado com aplicações de calcário (calagem).

Lavagem do P: no solo, o fósforo é pouco móvel pois é firmemente retido não sofrendo com a percolação. Mesmo em campos irrigados, a água de drenagem apresenta valores de fósforo que não excedem a 1 mg/dm3. Sendo assim, as perdas de fósforo por percolação são desprezíveis.

Erosão: é a responsável pelas maiores perdas de fósforo. Na erosão, verifica-se perdas de matéria orgânica e partículas coloidais com fósforo. Além do fósforo, outros nutrientes, como o nitrogênio e o potássio, sofrem grandes perdas pelo carregamento do solo onde estão contidos.

Fósforo fixado: – é aquela forma de fósforo mineral que se encontra combinada a outros elementos como cálcio, ferro e alumínio, formando compostos não assimiláveis pelas plantas. Esta fixação depende das condições inerentes a cada solo e pode ocorrer com maior ou menor intensidade. É um problema muito sério em solos ácidos. A calagem é uma das formas de minimizar a fixação. Os íons OH, gerados pela reação do calcário no solo, ocupam o lugar dos íons de P liberando o nutriente para a solução do solo. As argilas, do tipo caulinitas, com relação 1:1 (sílica e alumínio) contribuem para a fixação do fósforo. A taxa de recuperação do P pelas culturas é baixa (15 a 30%).
Fósforo imobilizado: é aquela forma de fósforo que se apresenta na fórmula orgânica não assimilável pelas plantas. Este fósforo torna-se disponível para a planta pela mineralização da matéria orgânica.
Fósforo adsorvido: é aquela fração de fósforo que se encontra preso ao complexo coloidal do solo tornando-se disponível através de trocas com as raízes.
Fósforo assimilável:– é aquela parte de fósforo que se encontra diluído na solução do solo sendo facilmente absorvida pelas plantas.
Fósforo disponível  =  fósforo adsorvido  +  fósforo assimilável
CICLO DOS FOSFATOS SOLÚVEIS


1. O fosfato solúvel em água em contato com a solução do solo, solubiliza-se tornando-se imediata e totalmente disponível. Parte deste fósforo fica diluído na solução do solo e parte fica adsorvido ao complexo coloidal (argilas), por troca iônicas com OH-;
2. Nossos solos sendo ácidos apresentam elevados teores de ferro, e alumínio e outras bases e, portanto, grande parte do fósforo disponível é fixada, formando compostos de ferro e alumínio insolúveis;
3. Parte do fósforo disponível é absorvida pelos vegetais e pelos microorganismos do solo para obterem a energia para viverem. Temos, então, o fósforo imobilizado;
4. O fósforo fixado poderá voltar a ser disponível pela ação dos ácidos orgânicos provenientes da mineralização da matéria orgânica e pela acidez livre do solo (H+), pelas secreções ácidas das raízes e pelo gás carbônico do ar do solo;
5. Com a morte dos microorganismos do solo e dos restos de culturas, o fósforo imobilizado pode tornar-se, novamente, disponível para as plantas pelo processo de mineralização da matéria orgânica. O número de microorganismos no solo é grande. Apenas em 1 grama de solo encontramos de milhares a milhões de fungos, bactérias, algas e protozoários, etc...Nesta ação de desdobramento da matéria orgânica do solo pelos microorganismos, resultam ácidos fracos ( acético, cítrico, fórmico e outros) os quais podem solubilizar as formas de fósforo fixado. Parte do fósforo é aproveitado pelos microorganismos e parte fica disponível na solução do solo para ser absorvida pelas plantas ou ser novamente fixada.

Retrogradação do P:

ocorre em solos com alto teores de cálcio (Ca). O fósforo do fertilizante é convertido em fosfato tricálcico de baixa disponibilidade para as plantas. É como se o fósforo do fertilizante voltasse à forma de rocha fosfatada. A indústria de fertilizantes utiliza a rocha fosfatada para a obtenção de superfosfatos (fosfatos acidulados) pelo ataque dos ácidos sulfúrico e fosfórico, com a finalidade de transformar o fósforo insolúvel em fósforo disponível para as plantas. O fósforo retrogrado não é perdido mas sua disponibilidade torna-se lenta.

O POTÁSSIO:
Fixação do K: o potássio (K) não reage no solo como fósforo. O potássio está presente na solução do solo ou adsorvido aos coloides. Nos processos de troca, ele é deslocado das posições de trocas dos colóides do solo e ingressa na solução do solo onde é absorvido pelas plantas. Algumas argilas têm a capacidade de fixar o potássio. Este K fixado pode ser trocado por outros cátions.

Lavagem do K:
na solução do solo o K é móvel e sujeito às perdas por lavagem. Entretanto, como a concentração de K na solução do solo é muito baixa, as perdas por lavagem são muito pequenas. Exceto em solos arenosos e de baixa capacidade de retenção de cátions (CTC), onde elas são maiores.

CONCLUSÃO:
Em função de todos os processos que comentamos nas postagens I e II, de todas as perdas sofridas pelos macronutrientes NPK, foi estimada um percentual de aproveitamento dos nutrientes, com fatores específicos para cada um, conforme quadro abaixo:


Das quantidades ne NPK aplicadas no solo, coloca-se duas vezes mais N, de três a cinco vezes mais P2O5 e 1,5 vezes mais K2O.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cana-de-açúcar - Nutrientes e adubação (2)

Na Parte I tivemos a oportunidade de comentar a extração e exportação de nutrientes do colmo e folhas da cana-de-açúcar, a importância dos mesmos, as deficiências dos macros e micronutrientes, a necessidade da correção do solo.
Cana-de-açúcar - Nutrientes e adubação (Parte 1)

A recomendação de calcário para a cana planta, no Estado de São Paulo, baseia-se na percentagem de saturação por bases (V%).
NC = (V2 - V1) T / PRNT, onde
V2 = % saturação por bases que se quer atingir (60%)
V1 = % saturação por bases conforme análise do solo
T = capacidade de troca de cátions em cmolc/dm³
NC = necessidade de calcário em t/ha
Para quem não se lembra:
T = S + (H+Al) em cmolc/dm³
S = Ca+Mg+K em cmolc/dm³
1 cmolc/dm³ = 10 mmolc/dm³
Por exemplo: V1 = 12% ; V2 = 60% ; T = 15 cmolc/dm³ ; PRNT = 80, logo
NC = (60-27) x 15 / 80 = 6, 18 t/ha

Vitti & Mazza apresentam uma fórmula para o cálculo da necessidade de calagem (NC) levando em consideração os resultados das amostras colhidas de 0-20 cm e de 20-40 cm.
NC = (V2-V1)CTC¹ + (V2-V1)CTC² / PRNT
CTC¹ = T¹ = capacidade de troca de cátions da camada de solo de 0-20 cm
CTC² = T² = capacidade de troca de cátions da camada 20-40 cm
Nesta fórmula, a NC t/ha seria a quantidade de calcário para aplicar na camada de 0-40 cm de solo.Luz & Martins, citados por Vitti, apresentam a seguinte fórmula para a cana planta.
NC = (V2-V1)CTC¹ /PRNT + 1/2(V2-V1)CTC² /PRNT
A NC encontrada em t/ha é para a incorporação do calcário na camada de 0-40 cm.
A COPERSUCAR, recomenda para solos arenosos a seguinte fórmula para encontrar a NC.
NC = 3 - (Ca+Mg) x 100 / PRNT
NC = t/ha para a camada de 0-20 cm.
Na cana soca, Vitti & Mazza indicam a seguinte fórmula para calcular a necessidade de calagem.
NC t/ha = (V2-V1)T / PRNT . A dose máxima deve ser de 3 t/ha.Na fabricação do superfosfato simples, há uma grande produção de um subproduto - o gesso ou sulfato de cálcio dihidratado. O gesso é mais solúvel e mais móvel que o calcário e fornece nutrientes como o Ca e S para as plantas, corrige áreas sódicas e é um ótimo condicionador para estercos reduzindo as perdas de N por volatilização. Na correção das áreas sódicas, o Ca do gesso substitui o sódio (Na) adsorvido à argila com formação de sulfato de sódio que é móvel no solo. Por ser mais solúvel que o calcário, o gesso corrige a acidez do solo mais rapidamente além de liberar cálcio para absorção pelas plantas e desenvolver o sistema radicular com grandes benefícios para os cultivos. O gesso pode ser utilizado nas áreas de depósito da vinhaça as quais apresentam excesso de potássio. Neste caso, haverá formação de sulfato de potássio que é bastante móvel no perfil do solo. A aplicação e incorporação do gesso, com irrigação, promove uma substituição do potássio (K) adsorvido aos coloides do solo pelo cálcio (Ca) contido no subproduto. O gesso deve ser usado quando a amostragem de 20-40 cm apresentar teores de Ca menor que 0,5 cmolc/dm³ ou 5,0 mmolc/dm³, alumínio (Al) maior que 0,5 cmolc/dm³ ou 5,0 mmolc/dm³, saturação por alumínio (m%) maior que 30% e saturação por bases (V%) menor que 35%. No cálculo da necessidade de gesso busca-se atingir V2 = 50%. na camada de 20-40 cm.
NG = (V2-V1)T / 100  
NG (t/ha) = (50-V1).T / 100
Os valores V1, T são os encontrados nos resultados de análise das amostras colhidas na profundidade de 20-40 cm.A fosfatagem é uma prática que proporciona maiores volumes de P no solo, mas o problema é a maior fixação. Esta prática promove um melhor desenvolvimento radicular das plantas com melhor absorção dos nutrientes e da água do solo. Pelo desenvolvimento, as raízes vão mais longe, explorando um maior volume de solo, encontrando nutrientes e água para suportar melhor os períodos de estiagem. Os produtores devem buscar as recomendações de um técnico quanto às necessidades e quantidades de fósforo nos canaviais.
Na adubação verde preferir sempre uma leguminosa devido a fixação do nitrogênio do ar pelas bactérias fixadoras que vivem em simbiose nas raízes. Isto faz com que a adubação nitrogenada seja dispensada. A utilização da adubação verde assegura um melhor controle e menor perdas de solo carregado de nutrientes, pela erosão. A incidência de ervas daninhas é diminuída.
Quanto à adubação orgânica, os dois principais resíduos orgânicos da cana-de-açúcar são a torta de filtro e a vinhaça. A torta de filtro é rica em P2O5 e CaO e é utilizada na cana planta, em toda a área, nas dosagens de 30 a 60 t/ha. A torta substitui, total ou parcialmente, a adubação fosfatada, sempre procurando verificar a dosagem de P2O5 recomendada.
A vinhaça é empregada na cana soca fornecendo todo o K2O e parte de N. O restante do N deve ser aplicado em cobertura através dos adubos nitrogenados existentes no mercado.
Quanto à adubação de plantio, deve ser processada através da análise do solo. No sulco usa-se P e K. O nitrogênio (N) é aplicado na dose de 30 a 40 kg/ha. Se foi feita a rotação de culturas com uma leguminosa, dispensa-se o uso deste nutriente. A ureia aplicada em solos cobertos por palhada provoca perdas elevadas de N por volatilização de 50 a 94%. A chuva ou a irrigação com vinhaça pode reduzir esta taxa, pois arrastam o fertilizante para as profundidades do solo diminuindo a volatilização. O sulfato de amônio não sofre grandes perdas por volatilização mas a desnitrificação se faz presente. Quanta à palhada, as altas relações C/N, C/P e C/S indicam uma baixa de nutrientes N, P e S, e a planta responderá à adubação nitrogenada.
Vitti recomenda em solos com menos de 25% de argila, usar 100 a 150 kg/ha de P2O5 em toda a área e 100 kg/ha de P2O5 no sulco de plantio. Já em solos arenosos, aplicar 100 kg/ha de K2O no sulco de plantio e o restante em cobertura.
Na adubação da cana soca, para cada tonelada de colmos esperada, aplicar a dose de 1 kg/ha de N. Se a produção esperada é de 100 toneladas de colmos, aplicar 100 kg/ha de N. Quanto ao K, aplicar quantidades de acordo com a produção esperada e conforme os teores do nutriente nas amostragens de solos das soqueiras. Manter a relação N:K2O de 1:1 ou 1:1,5.