terça-feira, 9 de junho de 2009

Os fertilizantes na produção de alimentos

No Livro do Gênese, no Capítulo Nono, quando a arca de Noé estacionou, após o dilúvio, a principal preocupação de Noé foi alimento - e plantou um vinhedo.
Em 1955, na zona rural de Geórgia -EUA, um produtor fez um telefonema. O telefonema era diferente porque seu telefone e dos vizinhos recebiam sua energia do sol. A eletricidade era fornecida por uma bateria solar. Esta bateria possuia 432 discos de silício e amarzenava energia suficiente em dois dias para alimentar, por dois meses, toda a comunidade. Pela fotossíntese as folhas verdes, como os discos de silício, captam energia do sol. Portanto, convertem a energia do sol em energia química que pode ser usada por homens e animais. Num complexo de reações físico-químicas, as plantas convertem a luz solar em açúcar e, mais tarde, em proteínas, gorduras, amido e celulose. O hidrogênio e o oxigênio, sob forma de água, chegam através das raízes e mais 13 elementos nutritivos essencias para suprir a planta durante o seu desenvolvimento e produção. Pelos estômatos, que são pequeníssimos poros existentes nas folhas, o gás carbônico do ar penetra nas folhas e fornece à planta carbono (C) e oxigênio (O).
Em 1776, um inglês, Joseph Priestley, publicou uma descoberta de como as plantas podiam restaurar o oxigênio de um ar viciado. Ele primeiro queimou uma vela em um jarro invertido, até que esta se apagou quando todo oxigênio foi consumido. Ele então colocou um ramo de hortelã no interior do jarro e em 10 dias podia suportar novamente uma vela acesa. Entretanto, a quantidade de dióxido de carbono está aumentando e pode atingir níveis perigosíssimos. Resta saber como poderemos fazer para que as plantas consumam mais gás carbônico e produzam mais oxigênio. Portanto uma luta na preservação das plantas para manter este equilíbrio e possibilitar a vida na terra.
O primeiro estudo sobre solo e as necessidades das plantas surgiu em 1868 com a publicação de um livro "Como as plantas crescem" por Samuel William Johnson , que foi aluno de Liebig. Johnson estudava a nutrição analisando as cinzas provenientes da queima das plantas. Ele determinou que as plantas precisam de grandes quantidades de fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre. Os nutrientes eram expressos sob a forma de óxidos, fato que continua até os dias de hoje. Ele dizia que o sódio podia substituir o potássio em beterrabas. Justis von Liegig empregava a física e a química no estudo das plantas. Liebig foi autor da "lei dos mínimos". Esta lei diz que o crescimento das plantas é limitado pelo nutriente que estiver presente em menor quantidade. Este fato é ilustrado até hoje por um barril onde uma das suas tábuas está cortada simbolizando o nutriente que está faltando. Isto que dizer que podemos fornecer à planta os nutrientes que ela precisa, mas se um dos nutrientes estiver em quantidade insuficiente, ele vai limitar a fertilidade. Nesta época muitos solos estavam esgotados. Era difícil obter-se esterco de animais e o guano era muito caro. Os solos eram muito ácidos e nas áreas secas não havia irrigação. A produção de alimentos era pequena. No final do século XIX surgiram os fertilizantes mas o problema era o controle de qualidade. Produtos eram vendidos de forma inadequada levando a necessidade da criação de um controle de qualidade que foi a base do que hoje existe.
Em 1855 a empresa Baugh e Filhos produziram o superfosfato simples. Esta empresa foi a pioneira da indústria de fertilizantes. Hoje em dia os fertilizantes são responsáveis pelo crescimento da produção agrícola no mundo.
Mas todo progresso implica em danos, efeitos colaterais. O processo de fabricação de fertilizantes emite certas quantidades de óxidos de nitrogênio e de enxofre, flúor, partículas sólidas, vapores de ácidos para o ar. Aí aparece as organizações de preservação do meio ambiente com as Leis Ambientais estabelecendo padrões permissíveis para a emissão de poluentes.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Agrotóxicos - Cuidados com as embalagens dos produtos

No controle de pragas e doenças, a presença dos agrotóxicos vai sempre ser notada. Eles têm um papel importante no controle das infestações de insetos e das doenças que atacam as plantas ocasionando uma diminuição da produtividade. Entretanto, são produtos que podem, se não adotarmos medidas preventivas e de segurança, causar danos às pessoas, aos animais e ao meio ambiente. É no momento da preparação da calda que o trabalhador estará manuseando o produto e, obviamente, exposto à contaminação. Por isto, o preparo da calda exige uma série de cuidados especiais:

1. a embalagem deve ser aberta cuidadosamente para evitar o derramamento do produto e com isto contaminar os trabalhadores envolvidos e o piso do local onde a calda está sendo preparada;
2. durante a operação devem estar ao alcance das mãos protegidas com luvas, bem como todo o corpo, balança, copos graduados, baldes e funis. Estes materiais devem ser empregados apenas para esta finalidade. Nunca usados para outras finalidades que não seja o preparo das caldas. Os trabalhadores que não conhecem as medidas de segurança e de exposição aos produtos costumam dar uma lavadinha nos copos e enchê-los de água para tomarem;
3. após aberta a embalagem e retirado o produto, a mesma deve ser lavada imediatamente;
4. as embalagens lavadas deverão ser armazenadas em caixas de papelão, com suas respectivas tampas e rótulos, para entrega aos centros de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos ou ao fornecedor;
5. as embalagens lavadas não devem ser armazenadas dentro da residência ou do alojamento dos trabalhadores, bem como nas instalações de animais. Certifique-se que todas as embalagens usadas estão fechadas e guardadas no depósito;
6. os trabalhadores devem verificar se as embalagens estão bem lavadas e perfuradas no fundo. Esta perfuração é importante pois evita o uso das embalagens para outras finalidades ou sua reutilização;
7. a presença de crianças, pessoas desprotegidas (sem o equipamento de proteção individual - EPI) e animais não pode ser permitida;
8. as embalagens vazias não devem ser jamais queimadas, enterradas, despejadas no solo, jogadas na água, lagos e rios, ou deixadas à beira de rios e estradas. Se isto não for observado há sérios perigos de contaminação de pessoas, animais e rios e prejuízo ao meio ambiente;
9. as embalagens de plástico ou sacos de papel não podem ser lavadas. Para isto, devem ser esvaziadas completamente durante o uso e depois guardadas dentro de um saco plástico padronizado. Este saco padronizado deve ser adquirido em um Revendedor.

Destino das embalagens vazias
A Legislação obriga o empregador a devolver todas as embalagens vazias no local indicado pelo Revendedor de produtos agrotóxicos. Antes de devolver, o empregador deve preparar as embalagens contaminadas. Isto é importante pois quem não proceder assim estará sujeito à multas e será enquadrado na Lei de Crimes Ambientais. Por isto o agricultor deve prestar atenção aos seguintes fatos:
A. recomenda-se o empregador a devolver as embalagens vazias após o término da safra. Assim o fazendo ele economizará no custo do transporte pois reunirá maior número de embalagens;
B. o empregador tem o prazo de 1 (um) ano, a contar do dia da compra, para devolver as embalagens vazias. Por sua vez, o Revendedor deve informar na Nota Fiscal de venda, o local para a entrega das embalagens vazias.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Agrotóxicos - Cuidados no Armazenamento

Agrotóxicos são produtos químicos necessários ao controle de pragas e doenças das plantas e se não forem utilizados corretamente e se o trabalhador não se proteger com equipamentos de proteção, com cuidados na estocagem e armazenamento das embalagens, na aplicação, no transporte, na preparação da calda, podem causar danos à saúde das pessoas e dos animais, e ao meio ambiente. Os agrotóxicos podem entrar no organismo, de quem os manuseia ou aplica, pela respiração, pela via digestiva e, principalmente, através da pele. As pessoas expostas aos agrotóxicos podem sofrer intoxicações agudas, com efeitos imediatos, e intoxicações crônicas, com efeitos a longo prazo. Mesmo que as quantidades de agrotóxicos sejam pequenas, o empregador e empregados devem tomar sérias medidas de proteção para garantir uma correta armazenagem. Aquele sistema empírico de deixar as embalagens, após usadas, no campo, não pode ser mais admitido sendo passível de fiscalização e aplicação de penalidades, responsabilidades, além de causar danos à saúde de animais, pessoas e contaminações ao meio ambiente. As principais medidas de segurança seriam:

1. proibição de armazenagem de produtos agrotóxicos a céu aberto.
2. não armazenar agrotóxicos com alimentos, rações e medicamentos. Apesar disto, ainda se observa produtores que no mesmo galpão guardam agrotóxicos misturados com adubos, concentrados e rações para animais, sem nenhuma observãncia ao que preconiza a NR-31. Não guardar agrotóxicos e remédios dentro da residência ou no alojamento dos empregados. Se guardar no galpão de máquinas, a área deverá ser isolada e mantida fechada à chave;
3. recomenda-se a construção de uma peça isolada (depósito), fechada à chave, onde seriam armazenadas as embalagens dos agrotóxicos;
4. o empregador deve tomar a precaução de não estocar grandes quantidades de produto. Estocar somente o que vai ser usado numa safra, a curto prazo. Isto garantiria que os produtos não fiquem com a validade vencida e os danos às embalagens, vazamentos, seriam muito menores;
5. os produtos e restos dos mesmos devem ser mantidos nas embalagens originais. Toda vez que for retirado produto para uso, as embalagens devem ser, novamente, bem fechadas. Não armazenar restos de produtos em embalagens sem tampa ou com vazamento;
6. para o aproveitamento de embalagens rompidas, deve-se usar um plástico transparente com o objetivo de evitar o vazamento do produto. Tomar cuidado para que o rótulo do produto fique visível. Esta prática é importante pois o empregado tendo acesso à leitura do rótulo saberá o tipo de agrotóxico, dosagens, recomendações e prazo de validade;
7. não utilizar locais úmidos ou sujeitos à inundações para estocar os produtos. Há o perigo de molhar o produto e lavagem dos ingredientes que irão contaminar o solo e outras embalagens;
8. o local de situação do depósito deve ser mais de 30 metros das residências, das instalações dos animais, dos locais de medicamentos, de rações, de estocagem de alimentos, refeitórios e de fontes de água;
9. nos locais de estocagem dos agrotóxicos, o piso deve ser de cimento e o telhado deve apresentar boas condições para evitar infiltrações das águas das chuvas;
10. as instalações elétricas devem ser mantidas em bom estado de conservação para evitar curto-circuíto e incêndios;
11. com relação às crianças, pessoas não autorizadas e animais, o empregador e empregados devem sempre manter a porta trancada;
12. as embalagens devem ser estocadas sobre estrados. Isto evita o contato com o piso e com a umidade do mesmo nos períodos de inverno. As pilhas devem ser bem formadas para evitar um possível desmoronamento. Devem ter um afastamento de 50 (cinquenta) centímetros das paredes e 1 (um) metro do teto;
13. o depósito deve possuir ventilação para evitar que a temperatura interna fique muito alta, o que provocaria um aumento da pressão interna, que no caso de frascos, ocasionaria rupturas que irão propiciar a contaminação de pessoas no momento de abrir as embalagens. Isto é muito perigoso pois irá ocorrer a liberação de gases tóxicos que colocarão em risco a vida dos usuários e animais;
14. deve haver chuveiros e torneiras para a higiene dos trabalhadores. Recomenda-se um chuveirinho, voltado para cima, para a lavagem dos olhos;
15. os produtos devem estar separados, identificados no lote, e controlar, contínuamente, o prazo de validade dos mesmos. Não misturar no mesmo lote, produtos diferentes;
16. um tambor ou mais de um devem ser colocados no depósito e servirão para recolher as embalagens vazias, danificadas ou com vazamento;
17. o empregador deve controlar a existência de um estoque de plásticos para envolver as embalagens rompidas;
18. adsorventes como areia, pó de serragem, calcário devem estar presentes no depósito para a adsorção de líquidos vazados;
19. o local do depósito deve ser sinalizado com uma placa - CUIDADO VENENO.

"Se ocorrer um acidente, não permita que os produtos vazados alcancem fontes de água e culturas. Se a contaminação for significativa avise as autoridades e vizinhos".

Fonte: Manual da ANDEF

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Relação C/N

Em áreas de plantio direto é comum o uso de plantas com a finalidade de cobrir o solo. Portanto, as plantas subsequentes são beneficiadas com esta prática. Tem-se verificado que as leguminosas possuem a relação C/N menor na parte aérea, liberam nitrogênio na sua decomposição, beneficiando as plantas em cultivos posteriores. Já as gramíneas, como a aveia preta, apresentam uma relação C/N maior o que sugere a adição de nitrogênio para a decomposição de sua palha.
As leguminosas que são fixadoras do nitrogênio do ar, graças ao rizóbio presente em nódulos nas raízes, são de decomposição mais rápida e com uma relação C/N próxina de 20. As gramíneas, pelo contrário, são de decomposição mais lenta e apresentam uma taxa C/N maior porque o conteúdo de nitrogênio (N) presente na massa verde é mais baixo.
O plantio continuado de uma mesma cultura, na mesma área, acarreta uma série de problemas tais como: queda na produtividade, aparecimento de ervas daninhas, maior ocorrência de doenças e pragas e a degradação do solo. No caso das doenças, os patógenos permanecem no solo atacando as novas plantas. Daí a necessidade de ser feita a rotação de culturas. A melhor prática é plantar soja e milho seguido de gramíneas. Em alguns locais, a rotação de culturas torna-se uma prática econômica.
Algumas plantas, como a ervilhaca, que têm a capacidade de fixar o nitrogênio do ar, chega a fornecer 90 kg/ha de N. Outras espécies, que não são fixadoras de N, apresentam raízes maiores e retiram o nutriente das camadas mais profundas do solo. Pela decomposição, devolvem este N ao solo nas camadas superficiais.
As plantas usadas na coberura do solo apresentam uma série de vantagens:
  1. diminuição do uso de herbicidas, pois há um controle sobre as ervas daninhas que não conseguem sobreviver;
  2. retém mais a umidade do solo;
  3. aumentam a matéria orgânica do solo pela decomposição da palha;
  4. maior controle de pragas e doenças pois o ciclo dos patógenos e insetos é interrompido com o plantio de espécies que não os hospedam;
  5. reduzem a erosão do solo pois a lavagem das camadas superficias, pela ação das chuvas, é dificultada;
  6. proporcionam melhoria das condições físico, químicas e biológicas do solo pelo aumento da matéria orgânica;
  7. reduzem a perda de nutrientes das camadas superficiais, pela ação das chuvas, em solos que sofrem com a erosão.
Mineralização da Matéria OrgãnicaPara que o N orgânico seja aproveitado pelas plantas é preciso que os microorganismos do solo promovam a mineralização da matéria orgânica. Os microorganismos do solo utilizam o nitrogênio (N) como energia e o carbono (C) oriundo dos restos vegetais para formarem tecidos do próprio corpo. O nitrogênio (N) excedente será liberado para o solo e colocado à disposição das plantas para o seu desenvolvimento e produção. Seria, por exemplo, o caso do milho em sucessão que aproveitaria este nitrogênio. " O N orgânico para ser mineralizado tem que ser primeiro imobilizado pelos microorganismos ".A relação C/N determinará o processo de decomposição, mineralização e disponibilidade de nitrogênio (N) para as plantas. Ela não é constante em todo o processo de desenvolvimento das culturas, mas varia com a idade das plantas. Restos vegetais que apresentam alta relação C/N, como o caso do azevém, aveia preta, centeio, sorgo granífero e o forrageiro, milheto e outras gramíneas, são de decomposição lenta e a liberação de N é menor por causa da mineralização lenta e a cultura em sucessão poderá não aproveitar todo o nitrogênio (N) que seria disponibilizado. O uso de palhada de braquiária, por ter uma relação C/N muito alta, não traz nenhuma vantagem no fornecimento do nutriente (N), apesar de contribuir para a cobertura do solo. Há o aparecimento de um inseto, o "bezouro cinza", que ataca as plantinhas de milho, quando cultivdo em sucessão, diminuindo a população de plantas e, consequentemente, a produtividade. O nabo forrageiro, como cultura de inverno, pode ajudar na redução populacional do bezouro cinza. Os custos com a dessecação da braquiária é mais onerosa pois necessita de 4 a 5 vezes mais dose, por aplicação, do que a usada quando se trata do nabo forrageiro. A dessecação do nabo forrageiro requer 1 l/ha de produto específico. Talvez, para áreas novas, na implantação do sistema de plantio direto, a braquiária possa ser utilizada.

Vamos supor um agricultor que tem na sua propriedade materiais como "húmus e alfafa. Ele quer estabelecer, na formação de um composto, uma relação C/N maior que 30:1. O húmus tem uma relação C/N 10:1 enquanto a alfafa 14:1. Juntando os dois materiais chega-se a uma relação C/N 12:1 (10 + 14 dividido por 2). Para chegar aos 30:1 ou mais, o agricultor terá que usar um produto rico em carbono (C) . Ele consegue isto com restos de cana-de-açúcar que tem uma relação C/N de 50:1 ou palha de aveia que tem uma relação C/N igual a 80:1. Se misturar o húmus e alfafa com os restos de cana vai conseguir uma relação C/N igual a 31:1 (12 + 50 dividido por dois. Se misturar o húmus e alfafa com a palha de aveia a relação C/N será de 46:1 (12 + 80 dividido por 2). O agricultor deve providenciar na análise dos materiais que tem na propriedade para um conhecimento melhor dos teores da relação C/N presente nos produtos.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Hidroponia

"Plantas se desenvolvendo sem solo, raízes absorvendo os nutrientes através de uma solução nutritiva balanceada – isto é Hidroponia".
Esta prática é milenar, pois na China era empregada há 2.000 anos. No Brasil começou a tomar vulto a partir de 1990. Podemos usar, também, substratos inertes como: cascalho, areia lavada, lã de rocha, serragem, casca de árvores.
As plantas são colocadas em canais ou recipientes e recebem uma solução nutritiva balanceada em quantidades individuais, de água e nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. As hortaliças, como alface, brócolis, repolho, pepino, berinjela, tomate e outras hortaliças, plantas ornamentais, mudas de árvores, etc... São produtos que não precisam de aração, gradagem, capinas. Os desperdícios com fertilizantes são muito menores, pois os nutrientes são balanceados para cada planta. O número de pulverizações contra pragas e doenças é bem menor. Como são cultivadas sem solo, as plantas estão isentas de contaminação como bactérias, fungos, lesmas, insetos. O controle de doenças e pragas, se bem que mais baixo, é muito mais fácil de executar. O produto é vendido embalado não sofrendo o contato com as mãos, com caixas, caminhões. Na embalagem você pode identificar marca, cidade onde foi produzida, nome do produtor ou do responsável técnico, características do produto e telefone para contato. Os produtos hidropônicos duram mais na geladeira. Para o produtor, os custos iniciais são bem elevados devido à necessidade de terraplanagens, construção de estufas, mesas, bancadas, tubulações com orifícios para as plantas, sistemas hidráulicos para movimentar a água e sistema elétrico. Os custos com energia são altos e não pode faltar. A hidroponia apresenta uma série de vantagens:
1 - A produção pode ser feita durante todo o ano;
2 - O controle dos nutrientes é muito melhor. É possível ajustar o balanceamento de nutrientes;
3 - A quantidade e disponibilidade de nutrientes é homogênea para todas as plantas. As plantas absorvem a quantidade de nutrientes que realmente elas precisam;
4 - O controle de doenças e pragas é facilmente realizada;
5 - O custo com mão de obra é menor. Um homem cuida de 10.000 pés de alface;
6 - Não há desperdício de água e nutrientes. A economia é de 70%
7 - A produtividade, em relação ao plantio tradicional, é 30% maior;
8 - Por ser colhida com raiz, a sobrevida da planta é maior;
9 - Um plantio de 3.400 pés de alface requer 140 m²;
10 - Não há preocupação com rotação de cultura;

No Brasil, o cultivo predominante é o NFT (nutrient film technique) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes. Este sistema é composto por um tanque de solução nutritiva, um sistema de bombeamento, canais de cultivo. A solução nutritiva é bombeada para os canais e volta, por gravidade, ao tanque, formando uma fina lâmina de solução que irriga as raízes. Outro sistema o DFT (desp film technique) cultivo na água ou floating, a solução nutritiva forma uma lâmina profunda (5 a 20 cm), na qual as raízes ficam submersas. Não existem canais, mas uma mesa plana por onde a água circula por meio de um sistema de entrada e drenagem. Outro sistema, com substratos, é usado materiais inertes. A solução nutritiva percola através do material e é drenada na parte inferior retornando ao tanque com solução.
Cuidados com a água
A água que vai ser usada deve ser analisada para verificar a existência de nutrientes, metais pesados, salinidade, presença de fungos e bactérias. Se a água apresentar macronutrientes deve-se descontar da quantidade de adubo que vai ser adicionada. Este desconto deve prevalecer quando os macros forem maiores do que 25% que vão ser adicionados. Para os micronutrientes, 50%. As águas de poços subterrâneos são ricas em cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Águas com cloreto de sódio (NaCl) acima de 50 ppm (50g/1.000L) começam a causar problemas de fitotoxidez e podem não ser usadas. As águas subterrâneas de rochas calcáreas ou dolomíticas contêm bons teores de Ca e Mg. Se a água for dura (elevado teor de carbonatos HCO3), causam elevação do pH e indisponibilidade do ferro (Fe). Águas com condutividade elétrica (indica o teor de sais dissolvidos) superior a 0,75 mS/cm não é recomendada para uso em hidroponia.
Huett (1994), plantas de alface cultivadas em soluções nutritivas com baixa condutividade elétrica (0,4 mS/cm) apresentaram deficiências de N e K e altores teores de Ca nas folhas novas. Com o aumento da condutividade elétrica da solução nutritiva, as deficiências desapareceram. Paulo César Costa e outros da FCA/UNESP verificaram que a condutividade elétrica da solução nutritiva influenciou o peso do material fresco e seco da cabeça de alface, sendo maior na condutividade de 2,4 ± 0,24 mS/cm.
A água potável, isenta de microorganismos e metais pesados, contribui para a formação de plantas mais saudáveis.
Consumo de água
Uma alface hidropônica consome de 75ml a 100ml de água por dia. Um projeto de 10.000 pés de alface poderá consumir de 750 a 1.000 litros de água por dia.
Um reservatório de solução nutritiva no sistema NFT deverá ter a capacidade de armazenar 500ml a 1 litro de solução por dia. Para este projeto de 10.000 pés de alface, o reservatório deverá armazenar de 5.000 a 10.000 litros de solução nutritiva.
Na solução, os nutrientes macro e micro devem ter alta solubilidade em água e alta pureza. O cultivo de plantas hidropônicas é bastante complexo e exige conhecimentos. O produtor deve ter a assistência de um responsável técnico para ter sucesso no empreendimento.

Fontes: Revista terra, Portal São Francisco

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte III

Os materiais orgânicos são divididos em quatro tipos:

1. Simples – são aqueles originados de plantas ou de animais. É o caso dos estercos de bovinos e suínos, camas de frango, torta de mamona, vermicomposto, turfa, linhita, etc... O esterco fresco, que contém microorganismos causadores de doenças no homem, não é permitido o seu uso em culturas, em que a parte comestível pela população humana possa entrar em contato direto com ele. Para isto, ele deve ser “curtido”, processo que pode levar até 90 dias dependendo das condições climáticas. O esterco fresco, durante o curtimento, deve ficar protegido e ser evitado o escorrimento de água que levaria embora os nutrientes contido neles.
2. Mistos – são originados da mistura de dois ou mais orgânicos simples;
3. Compostos – estes não são um orgânico natural. São obtidos por processos químicos, físico, físico-químicos ou biológicos. Podem ser, ainda, enriquecidos com nutrientes minerais. Formados por restos de vegetais e animais são obtidos por via aeróbica (presença de ar). Sua utilização é importante, pois melhora as condições físicas, químicas, físico-químicas e biológicas do solo favorecendo o enraízamento das plantas. Nos compostos se usa restos de vegetais, ricos em carbono (C), e de animais. O esterco é rico em nitrogênio (N). Isto é importante para estabelecer a relação C/N, que inicialmente deve ser 30/1. Devem-se usar mais resíduos vegetais ricos em carbono. O processo para formar o composto é distribuir camadas alternadas de restos vegetais e de animais. Cada camada vai sendo umedecida com água evitando-se o escorrimento para não haver perda de nutrientes. Pode ser enriquecida com fosfato natural, calcário, torta de mamona, etc... A cada 15 dias se faz o reviramento das camadas e umedecendo-as. O produto deve ficar protegido, por plástico ou lona, da chuva e do solo. O composto está pronto quando ele apresentar uma redução de volume de 1/3 e não ser possível distinguir os componentes iniciais. O vermicomposto é um orgânico composto resultante da digestão da matéria orgânica proveniente de estercos, restos vegetais e outros resíduos orgânicos pelas minhocas. O lodo de esgoto é um orgânico composto resultante do tratamento de esgotos sanitários dando origem a um produto de utilização segura na agricultura atendendo aos limites estabelecidos para contaminantes.
4. Organo-minerais – são misturas de fertilizantes minerais com orgânicos simples ou compostos. Não sofrem nenhum tratamento. No caso dos fertilizantes minerais, estes devem ser naturais e de baixa solubilidade. É o caso dos fosfatos naturais, calcário, que são produtos originados de rochas apenas moídas e não sofreram nenhum tratamento químico. O superfosfato simples, fonte de P2O5, não pode ser usado, apesar de a origem ser um fosfato natural, pois é tratado com ácido sulfúrico para aumentar a solubilidade. Apenas com autorização é permitido o uso de termofosfatos que são fosfatos naturais submetidos a um tratamento térmico a temperaturas acima de 1.000 ºC.

Seja uma cultura que exige, conforme recomendação técnica, 150 kg/ha de N, 250 kg/ha de P2O5 e 180 kg/ha de K2O.
Vamos partir do N que contém o esterco bovino. A fórmula a ser usada é:
Qp = Qr x fQp = quantidade de produto em kg/ha
f = 100/%MS
Qp = 150 x 20 = 3.000 kg/ha de esterco bovino
Estes 3.000 kg/ha fornecem em fósforo e potássio, o seguinte:
Fórmula: qdade de nutriente = Qp/f
P2O5 = 3.000/40 = 75 kg/ha
K2O = 3.000/20 = 150 kg/ha
Portanto, o déficit é no fósforo (250 – 75 = 175) e potássio (180 – 150 = 30). Vamos usar o produto cinzas que fornece potássio:
Qp = 30 x 10 = 300 kg/ha de cinzasA cinzas, por sua vez, fornece fósforo:
P2O5 = 300/40 = 7 kg/ha
Até agora, o esterco de bovino e as cinzas forneceram 75+7 = 82 kg/ha de P2O5  O déficit é: 250 – 82 = 168 kg/ha
Utilizemos o fosfato natural:
Qp = 168 x 3,3 = 554 kg/ha
Chegamos ao resultado final de 3.000 kg/ha de esterco bovino; 300 kg/ha de cinzas e 554 kg/ha de fosfato natural.
Leia os outros artigos Parte 1 e Parte 2
Produtos orgânicos x fertilizantes minerais - Parte 1
Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte 2

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte II

Na postagem anterior - Parte I - vimos os benefícios da aplicação de produtos orgânicos, as fórmulas a serem utilizadas para o cálculo da necessidade de produto e da quantidade de nutrientes que eles proporcionam ao solo. Na presente postagem vamos exercitar um cálculo para conhecer as quantidades de produtos a serem aplicadas, os nutrientes que eles vão fornecer às plantas, conforme as recomendações para as culturas, e a complementação de fertilizantes minerais.
Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte 1

Para isto, vamos supor um agricultor que possua um material orgânico proveniente de "cama de frango". Ele vai plantar trigo no 1º cultivo e milho como 2º cultivo.

1º Passo - conhecer a composição em nutrientes e matéria seca (MS) da cama de frango. Os nutrientes que desejamos conhecer seus teores é N, P2O5 e K2O.



Lote = o número de lotes que a mesma cama suportou. Vamos escolher a cama de frango (7-8 Lotes)
2º Passo - conhecer o índice de eficiência dos nutrientes no solo

3º Passo - conhecer as recomendações de nutrientes para cada cultura estudada.

4º Passo - calcular a quantidade de produto a ser aplicado ao solo

Iniciemos pelo potássio K2O . Apliquemos a fórmula já conhecida.
Qn = A x B/100 x C/100 x D
Onde Qn = quantidade do nutriente em kg/ha; A= quantidade de produto a ser aplicado em kg/ha; B = teor de matéria seca; C = teor do nutriente na composição do produto; D = índice de eficiência do nutriente.
60 kg/ha K2O = A x 75/100 x 3,5/100 x 1,0 ; 60 kg/ha K2O = A x 0,026 ; A = 60/0,026 ; A = 2.308 kg/ha ; A = 2,3 t/ha
Portanto, precisaremos de 2,3 t/ha de cama de frango (7-8 Lotes) para suprir os 60 kg/ha de K2O.

5º Passo - calcular as quantidades dos demais nutrientes
2,3 t/ha = 2.300 kg/ha
N kg/ha = 2.300 x 75/100 x 3,8/100 x 0,5; obtemos N = 33 kg/ha (arredondando)
P2O5 kg/ka = 2.300 x 75/100 x 4/100 x 0,8; P2O5 = 55 kg/ha
Portanto estas 2,3 t/ha fornecem 33kg/ha N - 55 kg/ha P2O5 - 60 kg/ha K2O.
Para o 2° cultivo esta quantidade residual seria:
N kg/ha = 2.300 x 75/100 x 3,8/100 x 0,2 ; N= 13 kg/ha
P2O5 kg/ha = 2.300 x 75/100 x 4/100 x 0,2 ; P2O5 = 14 kg/ha


6º Passo - calcular as quantidades de produto e nutrientes para o 2º cultivo
50 kg/ha K2O = A x 75/100 x 3,5/100 x 1,0 ; A = 1.900 kg/ha A = 1,9 t/ha
N kg/ha = 1.900 x 75/100 x 3,8/100 x 0,5 ; N = 27 kg/ha
P2O5 kg/ha = 1.900 x 75/100 x 4/100 x 0,8 ; P2O5 = 45 kg/ha

7° Passo - Calcular o deficit de nutrientes para complementação com fertilizante mineral.
Para calcular o déficit empregamos a fórmula: Dfn = Rn - Fn onde:
Dfn = déficit do nutriente em kg/ha; Rn = recomendação do nutriente em kg/ha, fn = quantidade de nutriente fornecida pela adubação orgânica.
Para o trigo os déficit são:
N = 60 - 33 = 27 kg/ha
P2O5 = 70 = 55 = 15 kg/ha
K2O = 60 - 60 = 0 kg/ha
Os 27 kg/ha de N podem ser supridos através de uma adubação de cobertura. Teria que ser adicionado 15 kg/ha de P2O5.
O déficit para o milho (2º cultivo) conforme a tabela 4 obtida por cálculos idênticos é 50 kg/ha de N e 6 kg/ha de P2O5  Os 50 kg/ha de N através de adubações de cobertura. Os 6 kg/ha de P2O5 teriam que ser adicionados.

8º Passo - calcular o residual deixado pela aplicação do produto no 2º cultivoOs 1,9 t/ha de produto aplicado no milho deixariam, como residual, para o próximo cultivo o seguinte:
N kg/ha = 1.900 x 75/100 x 3,8/100 x o,2 ; N = 10,8 kg/haP2O5 kg/ha = 1,900 x 75/100 x 4/100 x 0,2 ; P2O5 = 11,4 kg/ha

Leia a Parte 3:
produtos orgânicos x fertilizantes minerais - Parte 3

terça-feira, 26 de maio de 2009

Produtos orgânicos X fertilizantes minerais - Parte I

A adubação orgânica vem tendo uma importância muito grande quando se fala em nutrição do solo. Os adubos orgânicos provém de estercos de animais, restos de culturas e adubo verde. Vem ganhando força, no cenário agrícola, o lodo de esgoto como fonte de nutrientes para as plantas. É óbvio que a adubação orgânica pela baixa concentração de nutrientes não substitui totalmente os fertilizantes minerais. Mas os adubos orgânicos contribuem para uma melhor aeração do solo, armazenamento de água e drenagem do solo. Os estercos sólidos e os restos orgânicos apresentam uma relação carbono/nitrogênio mais alta. Há uma decomposição mais lenta no solo liberando menores quantidades de nutrientes para as plantas.
Os agricultores de Londrina/PR terão à disposição 300 m³ de lodo de esgoto (LE). O produto já vem sendo usado pelos agricultores da região metropolitana de Curitiba/PR. Eles falam do aumento na produção de 30 a 40% e de economia na aplicação de calcário e fertilizantes. Existem duas Estações de Tratamento de Esgoto - ETE -, uma em Londrina e outra em Cambé. Elas geram 15.000 m³ de esgoto por ano. Os agricultores estão satisfeitos visto a diminuição dos custos em fertilizantes e calcários, já que o LE possui estes nutrientes. O LE é rico em matéria orgânica e tem quantidade significativa de nutrientes como é o caso do nitrogênio (N). Pode ser usado nas culturas de trigo, milho e soja. Todavia não é indicado para hortaliças e plantas cuja parte destinada à alimentação humana se desenvolva em contato direto com a terra. Além do N, o lodo de esgoto contém fósforo (P), micronutrientes e cálcio. O cálcio é proveniente do tratamento do produto com cal para higienização. A cal usada pode substituir, em parte, a quantidade de calcário recomendada para aplicação no solo. Há um controle da existência de metais pesados antes da liberação do produto. Na região metropolitana de Curitiba já foram distribuídos, no período de 2000-2008, 175.300 m³ de lodo de esgoto. Em Foz do Iguaçú, 1.500 m³.
CARVALHO & BARRAL (1981) disseram que pelo processo de mineralização da matéria orgânica (M.O), há uma lenta liberação de nutrientes ocasionando um melhor aproveitamento para as plantas. LESLIE (1970) e MAYS et al (1973) demonstraram que o crescimento das plantas e a produção de grãos foram iguais ou maiores que àquelas que receberam fertilizantes químicos. CUNNINGHAN et al (1973) obteram aumento na produção de milho relacionada à liberação de nutrientes NPK. SABEY et al (1977) verificaram que as plantas de trigo tiveram maior desenvolvimento em solos que receberam lodo de esgoto, misturado com restos de madeira, em comparação à fertilização mineral. F.C.Oliveira e outros (1995) verificaram que o LE liberou nutrientes que foram absorvidos pelas plantas de sorgo e que há uma necessidade de complementar o LE com potássio (K). Verificaram, também, que aplicações de LE acima de 20 t/ha pode apresentar resultados melhores no desenvolvimento do sorgo.

1 - Produtos orgânicos sólidos

Para calcular a quantidade de nutrientes contidas em um material orgânico usa-se a fórmula:

Qn = A x B/100 x C/100 x D
, onde

A = quantidade de material aplicado em kg/ha;
B = % de matéria seca (MS) do material aplicado;
C = % do nutriente na matéria seca;
D = índice de eficiência de cada nutriente.
Por exemplo, seja 1.000 kg/ha de material orgânico com 70% de MS, teor de nitrogênio (N) de 3,8% e um índice de eficiência do nitrogênio de 0,5


N kg/ha = 1.000 x 70/100 x 3,8/100 x o,5 ; N = 13 kg/ha

2 - Produtos orgânicos líquidos

Qn = A x B x C


A = quantidade de material aplicado em m³
B = concentração do nutriente no produto em kg/m³
C = índice de eficiência de cada nutriente

A utilização de restos orgânicos e fertilizantes minerais são capazes de otimizar a produção das plantas. Como já escrevemos, somente o material orgânico não é suficiente para elevar a produtividade pois a relação de nutrientes existente no material é diferente daquela exigida pela cultura. Há necessidade de complementar com o uso de adubos minerais.
Leia as Partes 2 e 3
Produtos orgânicos x fertilizantes minerais - Parte 2
Produtos orgânicos x fertilizantes minerais - Parte 3

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Código Florestal - o prazo é 11 de dezembro para se adequar à Lei

O Código Florestal, Lei 4771/65, passará a ser exigido a partir de 11 de dezembro. Até lá os proprietários rurais terão que se adequar às normas. A propriedade rural terá que ter 20% de Reserva Legal mais as Áreas de Preservação Permanente – as APP’s.



A Reserva legal são remanescentes naturais como pastagens e florestas nativas.
Consideram-se Áreas de Preservação Permanente – APP’s, as florestas e vegetação natural situadas:
1) Ao longo dos rios e qualquer curso d’água. De acordo com a largura destes cursos (entre 10 e superior a 600 m) as faixas marginais variam de 30 a 500 metros;
2) Ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios naturais ou artificiais;
3) Nas nascentes e nos chamados “olhos d’água” em qualquer situação topográfica e num raio mínimo de 50 m de largura;
4) No topo de morros, montes, montanhas e serras;
5) Nas encostas ou parte destas com declive superior a 45°;
6) Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
7) Nas bordas de tabuleiros ou chapadas;
8) Em altitude superior a 1.800 m, qualquer que seja a vegetação.
Além destas situações, as APP’s declaradas por ato do Poder Público, como florestas e outras formas de vegetação natural destinadas:
a) Ao controle da erosão;
b) Fixação de dunas;
c) Faixas ao longo de ferrovias e rodovias;
d) Auxiliar a defesa do território nacional;
e) Proteção de sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;
f) Asilar exemplares de fauna e flora ameaçados de extinção;
g) Assegurar o ambiente necessário à vida dos silvícolas;
h) Condições de bem estar público.

O problema, que está sendo objeto de discussão, são as pequenas propriedades que poderão ficar inviáveis economicamente para manter os 20% de Reserva Legal mais as APP's. Segundo dados divulgados pelo MAPA, 76% do território nacional estaria situado nas condições da Lei. Sobraria 26% para a produção. E o Brasil que está conquistando o lugar de um país grande produtor teria a sua área de produção reduzida drasticamente.
Poderão ser consultados os art. 170 VI e o art. 225 § 1º, III da Constituição Federal de 1988. Lei 4.771 de 1965, art’s: 2, 3, 16 e 44. As Resoluções CONAMA 302 e 303 (para vê-las entre na página abaixo -ambiente.sp... selecione biblioteca-legislação ambiental=resoluçoes-2002.



sexta-feira, 22 de maio de 2009

Agrotóxicos - Equipamentos de proteção (EPI's)

É fato comum e preocupante que os trabalhadores que manuseiam os agrotóxicos não façam uso dos equipamentos de proteção. A falta de conhecimento sobre os produtos e os sintomas de intoxicação, os hábitos de fumar, comer e beber durante as aplicações, a não leitura dos rótulos e bulas dos produtos, o uso da boca para desentupir os bicos, a aplicação dos produtos contra o vento, a má higiene pessoal no final das atividades e tantos outros fatores que são os principais responsáveis pela intoxicação por agrotóxicos. E, muitas vezes, os agrotóxicos são os vilões, levantando a idéia dos perigos de sua utilização. Daí a necessidade de levar aos trabalhadores, em exposição direta, conhecimentos e informações através de treinamentos sobre a maneira correta de se protegerem na utilização dos agrotóxicos reduzindo os perigos de contaminação. O uso de agrotóxicos é necessário para o controle de pragas e doenças das plantas e, consequentemente, aumentar a produtividade das lavouras. Os acidentes que ocorrem são devidos à falta de esclarecimento dos trabalhadores do campo. Usados com precaução não oferecem perigo.

A NR – 31, em relação ao agrotóxicos, estabelece uma série de normas, proibições, providências, responsabilidades tanto para o trabalhador como para o empregador.
É muito exigente no caso dos agrotóxicos, onde cuidados especiais devem ser tomados pelo empregador e pelos empregados no pré, durante e após a aplicação de agrotóxicos nas lavouras. A falta destes cuidados pode causar a contaminação do homem e dos animais.
O produto tóxico pode ser absorvido pelo organismo através da boca, olhos, pele e pela respiração.
A legislação trabalhista prevê uma série de obrigações para o empregador. Todo o empregado deve ter o seu equipamento de proteção individual (EPI) e cabe ao empregador fornecê-lo ao mesmo. Mas não basta ter o EPI, é preciso que o trabalhador seja instruído e capacitado como usá-los corretamente. O trabalhador pode estar com os equipamentos e ser contaminado se não souber vestí-los. A prevenção de acidentes em exposição direta é outro ponto fundamental na capacitação do empregado. Após as aplicações, os equipamentos e vestimentas devem ser descontaminados e a responsabilidade é do patrão de não permitir que nenhum EPI e vestimentas sejam usados antes da descontaminação. A guarda do material deve ser feita em um local adequado, somente com a finalidade para esta situação, evitando-se que sejam levados para fora do local de trabalho. Zelar pela higiene pessoal dos aplicadores após o trabalho fornecendo água, sabão e toalhas. A prática de aplicar agrotóxicos com o uso de roupas pessoais está descartada. Cabe ao empregador cuidar para que isto não aconteça bem como exigir que o empregado use os EPI’s fiscalizando-os. Afora isto, os EPI’s devem ser mantidos limpos e substituídos os com defeitos. O empregador que falhar nestas orientações pode ser responsabilizado com ação judicial e multa.
Mas a empregado também têm as suas responsabilidades. Eles devem conservar os EPI’s em bom estado e usar os que estão bons e que atendam as finalidades. O empregado que não seguir a risca as orientações é responsabilizado e pode acontecer demissão por justa causa.

TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPIs:
A) VESTIMENTAS (calças e jaleco):
As vestimentas deverão ser usadas quando for utilizado equipamento de pulverização costal ou mangueira e devem ser hidrorrepelentes. As calças devem ser compridas, de brim grosso e de cor clara. Na perna da calça se faz um reforço chamado perneira, de matéria impermeável. Devem ser vestidas sobre a roupa pessoal que pode ser uma bermuda e camisa. Isto aumenta o conforto e possibilita que o aplicador possa retirá-las em um local aberto. Os cordões da calça e do jaleco, após serem bem apertados, devem ser guardados por dentro da roupa. Em primeiro lugar, o trabalhador deve vestir a calça e depois o jaleco.
B) BOTAS:
As botas deverão ser de PVC, de preferência brancas. As botas de couro não devem ser usadas pois não são impermeáveis e facilitam o encharcamento. As botas devem ser usadas com meias e a barra das calças deve ficar por cima do cano. Isto evita que o produto escorra para dentro da bota atingindo os pés.
C) MÁSCARA:
As máscaras têm a finalidade de evitar que o trabalhador inale os vapores, névoas e partículas finas liberadas pelo produto. Deve ser verificado no rótulo do produto, qual a máscara adequada para o trabalho a ser feito.
A máscara deve ser bem ajustada e vedada. Quando o trabalhador não estiver usando-a deve ser guardada em lugar limpo, dentro de sacos plásticos. As máscaras também devem ser lavadas diariamente e penduradas para secar. Se houver algum sinal de estar ficando frouxa, gasta ou rasgada, ela deve ser trocada por uma máscara nova. Os filtros das máscaras são específicos para agrotóxicos e têm prazo de validade. No mercado existem dois tipos de máscaras; as que não precisam de manutenção (descartáveis) e as de baixa manutenção. Estas possuem filtros especiais e que deverão ser trocados toda vez que for necessário. O aplicador não poder ter barba para permitir que a máscara se encaixe perfeitamente na face.
D) BONÉ ÁRABE:O boné árabe deve ser tratado com hidrorrepelentes. Ele protege o couro cabeludo e o pescoço contra os respingos. É feito com tecido algodão.
E) LUVAS:
Feitas para proteger as mãos elas devem ser de borracha (neoprene). As luvas sofrem mais danos porque são mais expostas aos riscos. Devem ser resistentes aos solventes dos produtos.

Além destes, existem outros equipamentos de proteção como o avental que protege o corpo durante o preparo da calda. Deve ser feito de tecido impermeável e o comprimento será até os joelhos. Deve fixar bem nos ombros.
As viseiras servem para protege o rosto de respingos e névoas dos produtos. Deve ser fabricada com material ACETATO bem transparente, forrado de espuma na testa e revestida com viés para evitar cortes.
É importante chamar a atenção que todo EPI deverá ter o Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho.