terça-feira, 20 de outubro de 2009

Calagem e Adubação do Milho no RS e SC

A área plantada com milho no RS é de 1,28 milhão de hectares com uma produção de 5,1 milhões de toneladas alcançando uma produtividade média de 3.984 kg/ha. A FARSUL calcula que serão plantados na safra 2009/2010, 800 mil hectares; uma redução de 35%.
O baixo preço da saca de milho e a alta dos insumos estão desencorajando os produtores. Com isto, o milho vai ceder área para a soja que ganhará 500.000 para seu incremento. Há esperanças que a situação melhore nos próximos meses. O milho é uma cultura muito importante para o Estado: alimentação humana, e de animais (suinocultura e aves).

Calagem:
Os solos do Rio Grande do Sul são ácidos e para um bom desenvolvimento das plantas, que se traduza em aumento de rendimentos, é necessária a prática da calagem.
Leia mais sobre a determinação da calagem nos solos do RS.(clique aqui)

Adubação do Milho:

Nitrogênio (N):
No milho, o nitrogênio é recomendado em função do teor de matéria orgânica e da cultura antecedente.
Utiliza-se 15 kg/ha de N para cada expectativa de produção de 1.000 kg/ha. Se a cultura antecedente foi uma consorciação ou pousio utiliza-se a média de N recomendada para leguminosas e gramíneas, dentro de cada faixa de teor de matéria orgânica, e expectativa de produção.
As expectativas de rendimentos de 4, 6, 8 t/ha vão depender: do clima; disponibilidade de chuvas; semeadura em época ideal; alta densidade de plantas; irrigação; variedades de alto potencial de produção; correção da fertilidade do solo com todos os nutrientes aportados. Todas estas qualidades concorrem para uma expectativa de produção de mais de 8 t/ha.
Leia mais sobre inoculação de sementes de milho

Sistema convencional:
Recomenda-se de 10 a 30 kg/ha de N na semeadura, de acordo com a expectativa de rendimento; e o restante, em cobertura, quando as plantas apresentarem de 4 a 8 folhas; ou 40 a 60 cm de altura. Se o período for de chuvas e a dose de N for elevada, pode-se dividir a adubação de cobertura em duas partes com intervalo de 15 a 30 dias entre cada uma.

Sistema Plantio Direto (SPD):
Recomenda-se aplicar 20 a 30 kg/ha de N na semeadura quando for em resíduos de gramíneas, e 10 a 15 kg/ha de N quando o cultivo for em resíduos de leguminosas. Antecipando-se a adubação de cobertura com N para quando a planta possuir 4-6 folhas, consegue-se bons resultados. Quanto às fontes nitrogenadas, tanto o sulfato de amÔnio como a uréia proporcionaram rendimentos iguais, em aplicações superficiais. A escolha de uma ou outra fonte vai depender do custo da unidade de N de cada uma; a uréia tem 42-45% de N, e o sulfato de amônio 20% de N.

Fósforo (P) e Potássio (K)
No RS+SC, as recomendações de adubação em fósforo e potássio são estabeleciads para dois cultivos sucessivos: milho depois trigo; trigo depois soja; soja depois trigo. No caso do milho, as recomendações são estabelecidas para expectativas de produção de 4, 6 e 8 t/ha. A partir de 4 t/ha, acrescenta-se 15 kg/ha de P2O5 e 10 kg/ha de K2O para cada 1.000 kg de expectativa de rendimento. Elaboramos, abaixo, uma tabela onde o milho é plantado no 1° cultivo e novamente em sucessão, no 2° cultivo.


Na tabela abaixo, temos dois cultivos sucessivos: milho, no 1° cultivo; e trigo no 2° cultivo. Há, ainda, as necessidades de N, P2O5 e K2O em kg/ha e as fórmulas similares que podem ser utilizadas; elas fornecem as mesmas quantidades de nutrientes, apenas variando na quantidade de aplicação. A expectativa de produção de milho é de 6 t/ha, e a do trigo de 2 t/ha.


Após dois anos, uma nova análise de solo deve ser feita para verificar as condições de fertilidade do solo. É muito importante!.

Leia mais sobre "como calcular fórmulas similares"

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Adubação e Calagem da Soja no RS

Calagem:
A recomendação de calagem, no sistema convencional baseia-se no índice SMP; no sistema de plantio direto a recomendação é determinada pela análise dos critérios principais: pH em água e V%; não havendo concordância entre os dois critérios, analisa-se a porcentagem de saturação por Al (m%), e o teor de fósforo no solo. Leia mais sobre isto

Adubação da Soja:

Nitrogênio:
Devido ao processo de fixação biológica do N do ar pelas bactérias do gênero Risobium, não é recomendada a aplicação de fertilizantes nitrogenados na cultura da soja.

Fósforo e Potássio:
As recomendações para fósforo (P) e potássio (K) são determinadas pela Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC. Os assistentes técnicos das lavouras, os escritórios de extensão rural, etc, devem estar cientes das tabelas elaboradas por esta Comissão, para as diversas culturas, e assim recomendar as necessidades de adubação. A Comissão elabora tabelas visando dois cultivos em sucessão, e preconiza a prática de ser feita nova análise do solo após dois anos.
Vamos mostrar abaixo as recomendações para duas culturas em sucessão: no primeiro cultivo a soja, e no segundo cultivo, o trigo; conforme o teor de matéria orgânica e a interpretação de P e K no solo.


No trigo, a recomendação de nitrogênio (N) no plantio é de acordo com o teor de matéria orgânica; as quantidades levam em conta se a cultura antecedente foi uma leguminosa ou uma gramínea.
Convém chamar a atenção que as recomendações da Comissão para o trigo, a soja, são para uma expectativa de produção de 2.000 kg/ha.

Nosso objetivo aqui é mostrar que com as recomendações de nutrientes podemos chegar a diversas fórmulas que são similares, variando apenas a quantidade em kg/ha. Vamos supor cinco áreas de terra em que será feito um planejamento: plantio de soja no primeiro cultivo e trigo no segundo cultivo. Os dados de matéria orgânica e interpretação de P e K são hipotéticos.
Para a soja adotamos uma expectativa de produção média de 3.000 kg/ha. Para cada 1.000 kg/ha de expectativa de produção de soja, deve-se adicionar à recomendação a quantia de 15 kg/ha de P2O5 e 25 kg/ha de K2O, como fizemos no exercício. Na postagem já publicada "Encontrando fórmulas similares de adubo" mostramos como chegar às mesmas: leia aqui sobre este assunto



Como a cultura antecedente foi uma leguminosa (soja no primeiro cultivo) as doses de N, variam de 60 a 20 kg/ha conforme o teor de matéria orgãnica no solo. Mas quanto ao nitrogênio aplicado por ocasião do plantio do trigo, adotamos a dosagem de 20 kg/ha - pode-se usar de 15 a 20 kg/ha - e o restante deverá ser aplicado em cobertura.

Enxofre:
A soja responde à aplicação de enxofre (S). Em solos que apresentam teores de S inferiores a 10 mg/dm³ devem receber 20 kg/ha de S.

Micronutrientes:
A aplicação de molibdênio (Mo) deve ser feita em solos com pH em água menor que 5,5 , e quando a soja apresenta, no desenvolvimento inicial, uma coloração amarelecida generalizada das folhas; isto acontece porque o processo de fixação biológica ainda não está completamente eficiente. Uma maneira para evitar esta deficiência é, antes do plantio, misturar 12 a 25 g/ha de molibdênio com as sementes; ou quando a deficiência aparece na lavoura, aplica-se 25 a 50 g/ha de Mo, via foliar. Utilizam-se os molibdatos solúveis em água: molibdato de amônio que contém 54% de Mo; ou molibdato de sódio que possui 39% de Mo. A mistura de molibdato com as sementes deve ser feita antes da inoculação das mesmas. As aplicações foliares devem ocorrer 30 a 45 dias após a emergência.
Outros micronutrientes devem ser aplicados somente quando a análise do solo constatar deficiências de um ou mais elementos.
Entretanto, cuidados devem ser tomados quanto aos micronutrientes molibdênio e cobalto (Co): nas áreas que existe integração lavoura-pecuária, o teor de Mo nas pastagens deve ser avaliado constantemente. Sabe-se que a calagem eleva o pH, e isto aumenta a disponibilidade de Mo; por sua vez, o Mo pode afetar o metabolismo do cobre (Cu) em ruminantes. A aplicação de Mo no solo deve ser suspensa quando o teor do micronutriente, na parte aérea das plantas, atingir 5 mg/kg de Mo.
Quanto ao cobalto (Co), as quantidades a serem aplicadas não devem ultrapassar 3 g/ha de Co, para evitar a fitotoxidez para a soja.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Dia Mundial da Alimentação - 16 de Outubro

Recebi do Planeta Voluntários um artigo "16 de Outubro - Dia Mundial da Alimentação". É um artigo que escreve sobre a fome no Mundo: 1 bilhão de pessoas passam fome; 30 mil crianças morrem de fome por dia; um terço das crianças dos países em desenvolvimento apresenta atraso intelectual. Você sabia que o Brasil é o 9° país com maior número de pessoas com fome? Que 15 milhões de crianças são mal nutridas?
Leia o artigo! Ele é rico em dados estatísticos sobre a fome e tire suas conclusões.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A Qualidade dos Inoculantes

A produtividade da soja aumentou muito nos últimos anos graças à recomposição da fertilidade do solo; à utilização de fertilizantes compostos e micronutrientes; ao aparecimento de variedades mais produtivas; ao uso de fungicidas e inseticidas; isto se traduz em maior aporte de nitrogênio. Daí a necessidade da indústria de buscar inoculantes com maior concentração de bactérias.
As bactérias do gênero Rhysobium têm a propriedade de fixar o nitrogênio do ar (N2) em amoníaco e assim ser aproveitado pelas plantas das famílias das leguminosas: as plantas, por sua vez, o transformam em proteínas; e proteína é nitrogênio; os grãos de soja possuem mais de 40% de proteína. Este processo simbiótico se chama " Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN)".
A simbiose, entre a planta e as bactérias, promove a formação de nódulos nas raízes das leguminosas, como é o caso da soja. As leguminosas fornecem hidratos de carbono para os microorganismos; estes fornecem o nitrogênio necessário para a formação de proteínas.
Este processo, fornecendo nitrogênio para as plantas, dispensa o uso total ou parcial de fertilizantes nitrogenados, e diminuindo os custos de produção da lavoura. Por outro lado, o aporte de nitrogênio faz com que as plantas aumentem a sua produção: porque a soja responde muito bem em produtividade ao aporte de nitrogênio.
Mas para se conseguir estes resultados são necessárias técnicas de inoculação, que devem ser aplicadas para se obter a máxima eficiência dos inoculantes:

  1. alta concentração de bactérias sobre as sementes - hoje a tecnologia industrial permite obter mais de 10 bilhões de bactérias por mL de inoculante;


  2. usar estirpes com alta capacidade de fixar biologicamente mais nitrogênio do ar e incorporar ao solo - graças à seleção de estirpes, consegue-se produzir inoculantes com alto grau de eficiência das bactérias;


  3. manter sobrevivente o maior número de bactérias que vão promover maior quantidade de nódulos nas raízes - o uso de protetores bacterianos têm garantido alta sobrevivência das bactérias sobre as sementes, protegendo-as de condições desfavoráveis; graças a estes protetores já é possível inocular as sementes vários dias antes do plantio. Além disto: uma maior aderência das bactérias nas sementes; maior umectação das células bacterianas; maior nutrição com fontes energéticas e minerais que alongam a vida das bactérias.

Hoje a qualidade dos inoculantes no Brasil é muito boa: no início da década de 80 foi elaborada a primeira legislação: a concentração mínima era de 100 milhões de bactérias por gramo, no momento da produção, e 10 milhões no fim do prazo de validade. Na década de 90, uma nova legislação exigia a esterilização da turfa, e elevando a concentração mínima para um bilhão de bactérias por gramo. Por outro lado, a pesquisa nacional busca estirpes de risóbio cada vez mais eficientes.
A ANPII (Associação Nacional de Produtores e Importadores de Inoculantes) quer no próximo ano, um processo de certificação de inoculantes produzidos pelas empresas. Dentro de dois a três anos, todo o inoculante comercializado terá um selo de qualidade que garantirá que o agricultor está usando, em sua lavoura, um produto de grande qualidade.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Determinação da Necessidade de Calagem no RS

Os solos do Rio grande do Sul, são ácidos o que compromete o rendimento das culturas. Daí a necessidade de se proceder a calagem nestes solos a fim de buscar uma elevação do rendimento das culturas.
Para determinar a necessidade de calagem utiliza-se os critérios principais: pH em água, e o valor V%. A saturação por bases (V) de 65% corresponde a um pH 5,5; V= 80% a um pH 6,0; e V = 85% a um pH 6,5. No RS, 15% dos solos apresentam pH em água menor que 5,5 e V% maior que 65.
A recomendação deve ser feita usando-se a média dos cálculos obtidos com o índice SMP e a saturação por bases (V%). O critério de usar o cálculo da necessidade de calagem pelo método de saturação por bases é muito usado nas lavouras do sistema de plantio direto (SPD).

Sistema de plantio direto (SPD)
Para determinar a calagem usa-se o pH em água e a saturação por bases da CTC a pH 7,0 (V%). Se não houver concordância entre estes dois critérios considerados principais, utiliza-se o teor de fósforo (P) no solo, e a saturação por alumínio da CTC a pH 7,0 : m% =100 x Al / t .
A seguir vamos demonstrar quatro exemplos de como avaliar isto na prática. Chamamos a atenção que os dados são hipotéticos.
Exemplo 1:


Esta amostra apresenta pH menor que 5,5 o que indicaria a necessidade de calagem. Entretanto como o valor V é igual a 65%, por este critério, não se indicaria a calagem. Verificamos que não há concordância entre os dois critérios: pH em água e valor V%; precisamos analisar o teor de P e m%.
Quando se analisa os teores de P e de m% devemos ter em mente que não se recomenda calagem quando a porcentagem de saturação por alumínio da CTC efetiva (m) for menor que 10% e o teor de P está interpretado na faixa “alto ou muito alto”. Neste exemplo 1, o vamor "m" é menor que 10%, mas o P está na faixa muito baixo; logo a calagem deve ser recomendada.

Exemplo 2:

Neste exemplo, os critérios de pH em água menor que 5,5 e V =42% levam à indicação de necessidade de calagem. Há concordância entre os dois critérios.

Exemplo 3:
Novamente não há concordância entre os dois critérios principais: pH é baixo, mas o V é 68%. Como não há concordância, é preciso analisar a porcentagem de saturação por Al da CTC efetiva e o teor de P no solo. Ora, a saturação por Al (m) é menor que 10%; o teor de P está enquadrado na faixa “muito alto”. Logo, nesta área do SPD, a calagem não é recomendada.

Exemplo 4:
Esta é outra área que não se recomenda a calagem porque o pH em água está acima de 5,5 e o valor V é igual a 68%. Há concordância entre os dois critérios principais.

Sistema convencional
No sistema convencional em que se busca atingir um pH 6,0, para culturas que o exigem, em todos exemplos acima se recomendaria a calagem pelo método SMP, e até mesmo pela saturação por bases da CTC a pH 7,0 (V%)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Adubação da Cultura do Milho

O milho responde muito bem à correção da acidez e à aplicação de nutrientes através dos fertilizantes. A medida que aumenta a produção, as exigências de N e K são maiores; depois o Ca, Mg e P. É muito importante que o produtor de milho atente para o fato de aplicar no solo as técnicas modernas a fim de obter altas produções em suas lavouras que compensem os gastos com os insumos aplicados, mão de obra, investimentos, e principalmente a remuneração do seu trabalho. Hoje não se pode pensar mais em aventurar na lavoura: temos sementes de alta capacidade de produção desde que os produtores utilizem e apliquem as técnicas modernas, orientados por agrônomos e técnicos.
Nitrogênio (N):
É o nutriente mais absorvido pela planta de milho. Sua deficiência limita a produtividade. Entretanto, o N está sujeito a uma série de perdas: volatilização, desnitrificação, lixiviação. A sua eficiência na utilização pelas plantas é de 60%, motivada por estas perdas.
O nitrogênio (N), como o fósforo (P), é mais exigido na fase de desenvolvimento e no período de formação da espiga; a menor absorção se verifica no período compreendido entre a emissão do pendão e o início da formação da espiga. O importante são os solos apresentarem alto teor de matéria orgânica. Solos com baixos teores de matéria orgânica apresentam baixas produções ou torna-se oneroso a compensação com maiores quantidades de adubos nitrogenados. A mineralização da matéria orgânica, a reciclagem de resíduos de culturas e a aplicação de fertilizantes nitrogenados minerais ou orgânicos são as fontes de fornecimento de N para o milho. Podemos reduzir as aplicações de N se contarmos com bons teores de matéria orgânica no solo: para isto devemos dar ênfase à rotação de culturas; a integração lavoura-pecuária; a cobertura verde, etc. O plantio do milho sobre a palhada, de culturas anteriores, contribui para economia na aplicação de nitrogenados.
Para se determinar a quantidade de N recomendada para o milho deve-se levar em consideração o teor de matéria orgânica do solo, e a expectativa de produtividade.





O produtor deve planejar a sua lavoura: o essencial do negócio é a rentabilidade; deve-se levar em conta: os riscos; a ocorrência de geadas; a utilização de híbridos de alto potencial produtivo; a fertilidade do solo nas camadas de 0-20 e 20-40. Isto tudo satisfeito e havendo condições favoráveis, pode o produtor pensar em doses de N superiores a 150 kg/ha.
Para evitar a lixiviação, recomenda-se parcelar as doses de N nas seguintes condições:
1) solos arenosos – baixa matéria orgânica, baixa fertilidade, mal drenados:
até 30 kg/ha de N no plantio, e cobertura no estádio de duas a quatro folhas (V2-V4)
2) solos com menores perdas de N:
antecipar até 45 kg/ha de N; adubação de base na semeadura, e adubação de cobertura no estádio (V2-V4).
O milho, por remover grandes quantidades de N, precisa de adubação de cobertura com nitrogenados. E o milho responde à aplicação de nitrogenados com altas produções. A adubação nitrogenada antecipada deve ser feita no mesmo dia da semeadura para evitar perdas por lixiviação. A adubação em cobertura deve ser realizada até o estágio de 4 folhas, pois é nesta fase que se define o potencial produtivo do milho. Para a produção de cada 1.000 kg de grãos são exportados 16 kg/ha de N.
A adubação em cobertura do milho sequeiro deve ser feita com 40 a 80 kg/ha. Nas culturas irrigadas, devido às condições favoráveis para altas produtividades, deve-se aplicar de 100 a 150 kg/ha.

Fósforo:
O fósforo (P) é limitante à produção em solos da Região dos Cerrados. As exigências de P são menores que as de N e K. Mas sabe-se que do P aplicado ao solo, a planta aproveita de 15 a 25% devido à fixação do P no solo.

Potássio (K):
O potássio, após o N, é o segundo nutriente mais absorvido pelas plantas. Como nos demais Estados da Região Central, o teor deste nutriente, no solo, é pequeno: insuficiente para suprir as quantidades exigidas pelas culturas em sucessão. O milho também responde muito bem à aplicação de potássio (K). Aplica-se de 120 a 150 kg/ha de K2O. Em solos arenosos, a aplicação de doses superiores a 80 kg/ha de K2O, recomenda-se parcelar: metade da dose no plantio, e a outra metade junto com a adubação de cobertura nitrogenada. O potássio (K) é importante no período de 30 a 40 dias de desenvolvimento quando se verifica a máxima absorção; daí a necessidade de K como arranque neste período.



Enxofre (S):
Os solos do MS e dos Cerrados são deficientes em enxofre (S). A diminuição dos teores de matéria orgânica; o uso contínuo de fertilizantes cujas matéria primas apresentam pouco ou nenhum S; as quantidades extraídas pelas culturas contribuem para esta deficiência do nutriente no solo. Para se verificar a necessidade de enxofre é preciso fazer a análise do solo nas camadas de 0-20 e 20-40 porque este nutriente é muito móvel no solo e se acumula nas camadas mais profundas
A manutenção é feita com 5 kg de S para cada 1.000 kg de grãos de milho como expectativa de produção.
Micronutrientes:
No Brasil, o zinco (Zn) é o mais limitante à produção: principalmente na Região Central, em vegetação de cerrado. No caso de correção de deficiências, utiliza-se, via foliar, 400 l/ha de solução a 0,5% de sulfato de zinco neutralizada, com 0,25% de cal extinta.
As aplicações de calagens de maneira superficial (0-10 cm) ou rasa têm proporcionado problemas de deficiências de manganês (Mn).

Fonte: Embrapa. Fundação MS

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Inoculação das Sementes de Milho e Arroz

A inoculação de sementes não é somente privilégio da soja. Outras sementes, como o milho, o trigo e o arroz podem ser inoculadas com bactérias que fixam o nitrogênio (N) do ar tornando-o disponível para as plantas. O processo foi desenvolvido pela EMBRAPA Soja, de Londrina - PR, em parceria com a Universidade Federal do Paraná - UFPR. O certo é que, além de aumentar a produtividade das lavouras, haverá uma economia decorrente do menor emprego de fertilizantes nitrogenados. A bactéria Azospirillum brasiliense promove, não somente a fixação de N, mas o crescimento das raízes através da produção de hormônios; e isto facilita uma maior absorção de água e de nutrientes.
A inoculação com Azospirillum brasiliense é feita com a aplicação do produto na forma sólida – turfa, ou na forma líquida, nas sementes. Há necessidade de cuidados com a temperatura e exposição ao solo, pois trata-se de organismos vivos. A inoculação não pode ser feita, também, juntamente com a aplicação de agrotóxicos. Na safra 2009/2010, o inoculante já poderá ser utilizado no arroz e no milho.
No Rio Grande do Sul foi demonstrado por Caio Vidor e Jessi Pereira que a inoculação do trigo, da aveia, antes da cultura da soja, com bactérias Bradyrhizobium aumentou a população desta bactéria no solo aonde não se plantava soja por mais de dez anos. Marcio Voss e José Renato Ben demonstraram que inoculando a aveia preta com Bradyrhizobium, em campo nativo e depois plantando soja em sucessão, a massa e número de nódulos eram em quantidades semelhantes às proporcionadas pela inoculação da soja. Agostinho Didonet e outros concluíram que a inoculação de sementes de variedades de arroz em Terras Altas com Azospirillum lipoferum Sp 59 e Azospirillum brasiliense Sp 245 provocou um aumento significativo no comprimento da raiz e no número de raízes secundárias.
A utilização de bactérias diazotróficas, como alternativa para a nutrição de N em diversas gramíneas, tem apresentado papel importante que deverá se confirmar nos próximos anos.
Em média, a soja deixa 27 kg/ha de N para a cultura seguinte. No RS, quando cultivado arroz irrigado após a soja, reduz-se a aplicação de nitrogênio em 30%.
Segundo a EMBRAPA, na soja, uma população de 1.200.000 bactérias por semente promove um acréscimo de 253 kg/ha em relação à semente não inoculada. Para chegar ao número de 1.200.000, a pesquisa observou que a produtividade das culturas vinham aumentando ano a ano; cada vez mais se produz maior quantidade de grãos; o consumo de N para atingir estas produtividades é cada vez maior; o emprego de fungicidas, inseticidas, micronutrientes nas sementes causa uma mortalidade das bactérias; então, há necessidade de se colocar um maior número de bactérias: e este número acima foi aprovado pela pesquisa em 2008. O número de bactérias por semente é função da concentração de bactérias por grama e da dosagem utilizada. A fórmula é a seguinte:
N° bactérias/semente = (Concentração x dose) / 350.000
Concentração: é aquela do inoculante
Dose: a recomendada pelo fabricante
350.000 = número médio de sementes por saco de 50 kg.

O nitrogênio atmosférico é indisponível para as plantas porque ele ocorre na forma de uma molécula com tríplice ligação: esta molécula é muito pouco reativa.
Para romper esta ligação há necessidade de grande quantidade de energia. Nas tempestades, quando ocorrem descargas elétricas na atmosfera, moléculas de N2 são rompidas, e o N, na forma de óxido, é levado pelas chuvas para o solo: a média do aporte de N é de 10 kg/ha. As bactérias diazotróficas possuem a capacidade de combinar N com amônia tornando-o disponível para as plantas. Estas bactérias têm enzimas – nitrogenase – que catalisam a reação.

Cuidados na inoculação
1) realizar a prática da inoculação à sombra;
2) quando não se usar produtos para o tratamento de sementes, umedecê-las com 200 a 300 ml de água por saca de 50 kg. Para aumentar a aderência, usar solução açucarada (10%);
3) semear o mais rápido: não passar de 18 h. Caso não for possível, aumentar a dose do inoculante. Se forem usados fungicidas ou micronutrientes nas sementes, semear rápido;
4) em solos com primeiro ano de plantio deve-se dobrar a dose do inoculante;
5) os sais de molibdênio (molibdato de sódio, ou molibdato de potássio), os sais de cobalto (sulfato ou cloreto) devem ser usados com muito cuidado porque causam uma taxa de mortalidade muito grande das bactérias: preferir formas compatíveis com as bactérias do inoculante e que existe no mercado; outra forma é aplicá-las via foliar;
6) os micronutrientes zinco, cobre, manganês, quando aplicados nas sementes, causam uma mortalidade quase total das bactérias, reduzindo a produtividade da lavoura;
7) evitar o emprego de doses elevadas de N no plantio porque reduzem a nodulação; como se diz: as bactérias ficam preguiçosas; caso for preciso usar N, a dosagem deve ser, no máximo, de 15 kg/ha;
8) o uso de grafite, para facilitar o fluxo das sementes, deve ser utilizado na dosagem recomendada; muitas vezes como é um produto barato, o produtor abusa de grandes quantidades: isto pode desidratar as bactérias e prejudicar a nodulação.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Adubação da Soja

A área plantada com soja no Brasil atinge 21,7 milhões de hectares. A produção nacional é da ordem de 57,1 milhões de toneladas.


A produtividade média está em 2.629 kg/ha ou 43,8 sacas/ha.
A soja responde muito bem à calagem e à adubação do solo. Como os solos do Brasil são deficientes em fósforo, há necessidade de repor este nutriente e outros que se fazem necessários. Para isto, uma boa amostra de solo, representativa da área, é questão fundamental para a recomendação da calagem e dos fertilizantes. O produtor não deve se descuidar desta prática pois ela é essencial, aliada a outras práticas culturais de acordo com a técnica, ao bom desenvolvimento da planta que irá se traduzir em ganhos de produitividade, compensando os gastos dispendidos na lavoura. Vamos abordar os macronutrientes primários NPK+S. Sobre os micronutrientes, já comentamos em publicações anteriores neste blog.

Nitrogênio (N):
O nitrogênio é o nutriente mais requerido pela soja. Para produzir 1.000 kg de grãos ela precisa de 83 kg de N. A principal fonte de N é a fixação biológica através das bactéria do gênero Rhisobium. Além da inoculação das sementes com as bactérias, é necessária a aplicação de 2-3 g/ha de cobalto (Co) e 12-30 g/ha de molibdênio (Mo). Estes micronutrientes são indispensáveis no processo de fixação biológica do N. A aplicação pode ser realizada via semente ou via foliar.

Fósforo (P):
É o nutriente importante na produtividade. Como os solos brasileiros são deficientes em fósforo, sua deficiência se manifesta no baixo porte da planta, na altura de inserção das primeiras vagens e na colheita.
Nos cerrados, a correção de fósforo deve ser feita quando vai se usar a área por um período de cinco anos com outras culturas como: milho, trigo, feijão. Ela pode ser feita de duas maneiras: a correção em uma única vez; e a correção gradual no plantio junto com a manutenção.



A adubação de manutenção é recomendada quando os níveis de P mg/dm³ estão em níveis médio ou bom.
Produção de 3.000 kg/ha – 60 kg/ha de P2O5
Produção de 4.000 kg/ha – 80 kg/ha de P2O5

Potássio (K):
Os solos dos cerrados se caracterizam por baixa CTC e baixo potássio. A soja responde à adubação com potássio. Na literatura há indicações que para cada 1 kg de K2O aplicado, a soja produz 8 kg de grãos a mais do que num solo sem adubação. A suficiência de K é de 30 mg/dm³ para solos arenosos e de 50 mg/dm³ para solos argilosos.
Solos com mais de 20% de argila – adubação corretiva total de potássio
Solos com menos de 20% de argila – não se deve fazer corretiva total de K devido às perdas por lixiviação.Para uma produção de 3.000/ha de grãos, aplicar 60 kg/ha de K2O. Nos solos com menos de 20% de argila deve-se preferir correção gradual de K à lanço ou parcelada. O parcelamento deve ser feito 50% da dose no sulco de plantio, e os restantes 50% em cobertura, 30 dias após a emergência.

Acima de 50 mg/dm³ usar adubação de manutenção (M) usando 20 kg de K2O para cada 1.000 kg de grãos a ser produzida

Atingido este nível deve-se fazer a adubação de manutenção (M) usando 20 kg de K2O para cada 1.000 kg de grãos a ser produzida.

Enxofre (S):
Os solos do MS e dos Cerrados são deficientes em enxofre (S). A diminuição dos teores de matéria orgânica; o uso contínuo de fertilizantes cujas matéria primas apresentam pouco ou nenhum S; as quantidades extraídas pelas culturas contribuem para esta deficiência do nutriente no solo. Para se verificar a necessidade de enxofre é preciso fazer a análise do solo nas camadas de 0-20 e 20-40 porque este nutriente é muito móvel no solo e se acumula nas camadas mais profundas A manutenção (M) é feita com 10 kg de S por uma produção esperada de 1.000 kg de grãos de soja.
Com base nas tabelas acima, podemos fazer as recomendações das quantidades de nutrientes a serem aplicados no solo através da utilização de fertilizantes químicos. Podemos usar várias fórmulas, que chamamos similares, que guardam uma relação constante entre seus nutrientes, e de acordo com as quantidades aplicadas estaremos colocando, no solo, a quantia correta dos nutrientes recomendados.


O importante é achar a relação em que estão os nutrientes; esta relação deve ser a mesma, ou com pouquíssimas diferenças, que encontramos na fórmula sugerida. E multiplicando esta relação por coeficientes (10, 15, 20, 18...etc), vamos obtendo as diversas fórmulas similares. Para saber a quantidade basta dividir o teor do nutriente recomendado pelo seu respectivo número na fórmula, e multiplicar por 100. Por exemplo: teor recomendado de potássio: 60 kg/ha de K2O ; valor do K na fórmula 00-20-15 é 15% de K2O. Logo: 60/15 x 100 = 400 kg/ha da fórmula 00-20-15. No quadro abaixo, podemos ver duas situações: diferentes teor de argila; diferentes interpretações de P e K no solo. As necessidades de P2O5 e K2O em kg/ha estão numa relação que multiplicada por coeficientes vão nos dar várias fórmulas que podem ser utilizadas (fórmulas similares), diferenciando-se, apenas, da quantidade a ser aplicada. Para outras interpretações de P e K, é somente adotar o mesmo raciocínio.
Fonte: Embrapa, Fundação MS

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Averbação de áreas destinadas à Reserva Legal

O próximo dia 11 de dezembro do corrente ano é o prazo para os produtores rurais se adequarem ao Decreto 6.514/08 que determina a estipulação de áreas destinadas à Reserva Legal, e à Preservação Permanente (APP's). A Reserva Legal foi instituida em 1965 através do Código Florestal...
Reserva Legal

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Calagem nas Culturas do Milho e da Soja

Os solos ácidos, além de apresentarem: níveis tóxicos de alumínio (Al) e manganês (Mn); deficiências de cálcio (Ca), magnésio (Mg); fósforo (P) e molibdênio (Mo); a ação dos fertilizantes químicos é reduzida. Neste sentido devemos pensar sempre, em primeiro lugar, em realizar a calagem com a finalidade de melhorar a fertilidade do solo. Deve-se trabalhar numa faixa ideal de pH 6,0; acima deste valor a disponibilidade dos micronutrientes Cu, Mn, Zn e Fe, vai diminuindo; como Mo e o P ocorre o inverso, vai aumentando.
O calcário escolhido deve apresentar características: eficiência relativa (ER) alta, e valor de neutralização (VN) equivalente em carbonato de cálcio.
O valor de neutralização (VN) é calculado da seguinte maneira:
O teor de CaO é multiplicado por 1,79
O teor de MgO é multiplicado por 2,48
Seja, por hipótese, um calcário que apresenta 38% de CaO e 12% de MgO. O valor de neutralização (VN) é:
VN = (38 x 1,79) + (12 x 2,48) = 68%+30% = 98%
O carbonato de cálcio é usado como padrão e seu VN = 100%.
A preferência deve ser sempre por uma calcário dolomítico, ou seja,que contenha Ca+Mg; os dolomíticos devem conter mais de 12% de MgO, enquanto os magnesianos contêm de 5,1 a 12% de MgO.
Solos que apresentam 0,8 cmolc/dm³ ou 80 mmolc/dm³ de Mg, a preferência deve cair sobre os calcários dolomíticos e magnesianos. Mas, para isto, é preciso conhecer o resultado da análise do solo com referência ao pH, teores e relação Ca/Mg.
O Poder relativo de Neutralização Total (PRNT) nos dá uma idéia da ação do calcário sobre a acidez do solo, num período de três anos.
As recomendações de calcário são baseadas na utilização de um calcário com PRNT = 100%. Quando o calcário apresentar valores de PRNT menores que 100%, deve-se fazer a correção da dosagem a ser aplicada.
Por exemplo: foi recomendada a aplicação de 5 t/ha. Mas o calcário comprado apresenta uma garantia de 80% de PRNT. A correção será:
Fator de correção (f) = 100 / 80 = 1,25
5 t/ha x 1,25 = 6,25 t/ha (quantidade corrigida)

Cálculo da Calagem:
São usados métodos para o cálculo da quantidade de calcário a ser aplicada na camada de 0-20 cm:

1° Método: Neutralização do Al e elevação do suprimento de Ca e Mg
Em solos argilosos com mais de 20% de argila:
NC t/ha = Alx2 + [2-(Ca+Mg)] x f

Em solos arenosos, teor de argila menor que 20%
NC t/ha = (Alx2) x f
NC t/ha = [2-(Ca+Mg)] x f
Usa-se a maior quantidade encontrada no cálculo das duas fórmulas acima. Fórmulas muito usadas nos Estados de Goiás, Minas Gerais e Bahia.

2° Método: Saturação por bases do solo (V%)
NC t/ha = (V2-V1) x T x f / 100
V2 = valor de saturação por bases que buscamos;
V1 = valor de saturação por bases do solo analisado:
V1 = 100 x S / T onde S = Ca+Mg+K em cmolc/dm³
T = S + (H+Al) em cmolc/dm³
O valor V2 vai depender de cada região:
No Paraná, usa-se V2 = 70%; São Paulo e Mato Grosso do Sul, 60%; e nas demais regiões, 50% (exceto Rio Grande do Sul e Santa Catarina).
Outros trabalhos de pesquisa consideram, na cultura da soja, um valor a ser utilizado para V2 nestas condições:
55% - solos arenosos; CTC baixa; matéria orgânica baixa; e Zn, Cu e Mn, baixos;
60% - solos textura média; CTC média; MO média; e níveis médios de Zn, Cu, Mn;
70% - solos argilosos; CTC 8-11 cmolc/dm³; teor bom de MO; e níveis bons de Zu,Cu,Mn;
80% - solos muito argilosos; Níveis altos de CTC, MO, Zn,Cu,Mn.

3° Método: SMP
É utilizado nos Estados do RS+SC. Em solos com alto teor de matéria orgânica ou solos de campo nativo, a quantidade de calcário varia de ¼ a ½ SMP; solos com alto teor de argila (+55%), ½ SMP

Época de aplicação do calcário:
- três meses antes do plantio para que o calcário possa reagir e o pH seja elevado;
- regiões com períodos de chuvas de 6 meses e mais 6 meses sem chuvas, a calagem deve ser feita antes do término do período chuvoso.

Incorporação do calcário:
Deve ser incorporado numa profundidade mínima de 20 cm. A calagem muito superficial pode provocar ou agravar deficiências de manganês (Mn); além disto a disponibilidade dos micronutrientes é prejudicada nas camadas mais profundas, pois há uma elevação do pH na camada mais rasa. Para evitar isto é recomendada a gessagem.

Gessagem
O gesso agrícola vai mais profundo e elimina o Al tóxico e cria condições para um maior desenvolvimento do sistema radicular; a planta sofre menos aos veranicos, e a absorção de nutrientes é maior. Para recomendação de gesso deve-se fazer análises do solo numa camada de 20-40 cm: quando o teor de saturação por Al (m%) for maior que 20% e/ou quando o teor de cálcio for menor que 0,5 cmolc/dm³. O gesso deve apresentar um teor de enxofre (S) de 15%.
Uma fórmula de Souza & Lobato (1996) para o cálculo da dose de gesso (DG) é a seguinte:
DG kg/ha = 50 x teor de argila (%)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Agrotóxicos - Prevenindo-se das Intoxicações

O risco de intoxicação é em função da toxicidade do produto e do tempo de exposição. Uma substância química capaz de causar toxicidade, o seu efeito é chamado “risco de intoxicação”. Todas as substâncias químicas são tóxicas e a toxicidade depende da dose e da predisposição do organismo exposto a elas. Quanto menor a dose de um produto, maior é o seu efeito tóxico. Como não se pode mudar a toxicidade de um produto, a solução é submeter o aplicador ao menor grau
de exposição. Por isto, o trabalhador deve usar os equipamentos de proteção individual – EPI’s, manusear os produtos com cuidado, usar equipamentos de aplicação calibrados corretamente e em bom estado de conservação. Muitas vezes, a intoxicação é causada por erros na manipulação dos produtos: acontece quando os trabalhadores não são devidamente treinados no transporte dos produtos, no uso e armazenagem dos mesmos, no preparo da calda, na aplicação, no destino das embalagens vazias; não são bem orientados e chamados à responsabilidade quanto à manipulação dos agrotóxicos. Os agrotóxicos são importantes no controle de pragas e doenças. Sua manipulação correta minimiza os acidentes sérios à saúde e ao meio ambiente. Para isto deve-se seguir os seguintes conselhos:
1) Ler o rótulo do produto e seguir as instruções da bula; aqui estão inseridas todas as informações do fabricante a respeito de cada produto: manuseio, destino das embalagens vazias, primeiros socorros, EPI’s. É dever do trabalhador ler os rótulos e bulas dos produtos que vão ser utilizados. Em primeiros socorros, o conhecimento do produto usado é importante no auxílio ao médico no controle da intoxicação e uso do antídoto específico.



Os rótulos possuem pictogramas que são sinais gráficos, de cunho internacional, de comunicação visual, para que sejam entendidos por qualquer pessoa, mesmo que não saibam ler. Visam proteger a saúde das pessoas e o meio ambiente.


2) As bulas possuem, também, informações: cuidados no manuseio e na aplicação de produtos químicos destinados à lavoura: instruções de uso, armazenagem, transporte, modo e época de aplicação, período de reentrada, período de carência, telefone de emergência do fabricante, etc.

Os trabalhadores devem ser informados, pelo empregador, sobre o uso do produto no que concerne aos seguintes aspectos:
- área tratada: características das áreas, localização e tipo de aplicação, equipamento de proteção que deve ser usado;
- nome do produto: é importante saber o nome do produto ou seu princípio ativo, pois auxilia ao médico nos cuidados ao intoxicado;
- classificação toxicológica;
- data e hora da aplicação;
- intervalo de reentrada: as áreas recém tratadas têm restrições para a entrada nelas; estas áreas devem ser sinalizadas, informando o período de reentrada: é o período após a aplicação que não é permitida a entrada de pessoas. Caso haja necessidade de entrar nestas áreas, a pessoa deve estar protegida com o EPI. A NR-31 exige uma sinalização da área tratada; nas pulverizações aéreas, é proibida a entrada e permanência na área a ser tratada.
- período de carência: também chamado “intervalo de segurança”; é o período em dias entre a aplicação e a colheita; durante este período é proibido realizar a colheita dos produtos agrícolas. Isto garante que o produto colhido não contém resíduos tóxicos que venham a prejudicar os consumidores.
- medidas de proteção aos trabalhadores em exposição direta e indireta;
- em caso de intoxicação, informar as providências que devem ser tomadas.

Todo o aplicador, seja em aplicação na lavoura ou manuseio do produto agrotóxico, deve estar sempre protegido com o seu respectivo equipamento de proteção – EPI. Os manuais dos equipamentos de aplicação devem ser guardados em lugar de livre acesso aos trabalhadores; estes devem receber instruções sobre o conteúdo destes manuais.
A NR-31 obriga os trabalhadores a realizarem exames médicos periodicamente; o empregador é o responsável pela execução desta medida.
Fonte: ANDEF

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Os fertilizantes Fluidos - emprego na cana-de-açúcar

Os fertilizantes fluidos apresentam-se nas formas de soluções e de suspensões.
Soluções: são soluções líquidas verdadeiras, isenta de sólidos.
Suspensões: apresentam uma fase sólida dispersa em um meio líquido. Podem ser homogêneas e heterogêneas. No seu preparo é necessária a utilização de agentes de suspensão que aumentam a viscosidade e evitam a formação de precipitados na mistura. Estes agentes de suspensão podem ser argila, bentonita sódica.
Em relação aos fertilizantes minerais, os fertilizantes fluidos apresentam uma série de vantagens:
1) economia na mão-de-obra;
2) facilidade de manuseio;
3) dosagem precisa e uniforme;
4) homogeneidade;
5) versatilidade nas formulações. Podem ser misturadas com defensivos;
6) maior eficiência agronômica.
Mas apresentam, por outro lado, uma série de desvantagens:
1) menor concentração de nutrientes;
2) necessidade de agitação durante o transporte (suspensões)
3) alto investimento inicial;
4) maior dificuldade para produzir formulações PK.

Existem usinas que produzem fertilizantes fluidos, os quais são formulados a partir dos fertilizantes minerais simples como amônia, uréia, uran, MAP, DAP, ácido fosfórico, cloreto de potássio e micronutrientes na forma de sais solúveis.
Nas soluções, as formulações produzidas são:

Cana planta – 02-10-10; 02-12-12; 03-10-08; 03-10-12; 04-10-10
Cana soca – 07-00-10; 07-02-10; 08-00-09; 10-00-10; 20-00-00
Por ser as concentrações de nutrientes muito baixas, estes fertilizantes devem ser utilizados em áreas próximas às Usinas, devido o custo elevado do transporte.
Na produção de suspensões são utilizadas a uréia, nitrato de amônio, sulfato de amônio, DAP, MAP, cloreto de potássio e micronutrientes na forma de sais solúveis. As suspensões precisam de agitação para manter a homogeneidade. Além disto, são adicionadas argilas, bentonitas sódica para manter estabilizada a suspensão. As fórmulas em suspensão fabricadas são:

Cana planta: 03-15-15 ; 04-16-10

Cana soca – 10-00-15 ; 12-00-18 ; 16-00-16

Os fertilizantes fluidos podem ser aplicados de diversas maneiras na cana. Ou seja:
1) diretamente no solo;
2) superficial ou em profundidade;
3) misturado ou não com herbicidas (ver compatibilidade);
4) pulverização nas folhas;
5) fertirrigação.

Adubação da cana
Cana planta: necessidade de nutrientes em kg/ha: 40 N – 150 P2O5 – 120 K2O + 1kg de boro + 3 kg de zinco + 2 kg de cobre
Temos uma relação NPK = 40-150-120. Dividindo por 40 teremos uma relação simplificada 1-3,75-3 (ver postagem sobre “O que contém um saco de adubo”. Multiplicando esta relação simplificada por coeficientes teremos várias fórmulas. Multiplicando por 4 a relação, obteremos a fórmula: 04-15-12. Para saber a quantidade a ser aplicada dividimos a recomendação de N (40) pelo número expresso na fórmula referente a este nutriente N (4) e multiplicamos por 100. Isto é, 40/4 x 100 = 1.000 kg/ha da fórmula mais os micronutrientes recomendados acima.
Cana soca – necessidades de nutrientes em kg/ha: 130 N – 0;30 P2O5 – 100 K2O + 1 kg de boro .
Temos uma relação NPK = 130-0;30-100. Vamos supor 0 kg/ha de P2O5. Dividindo por 100 teremos a relação simplificada 1,3-0-1. Multiplicando por 12, teremos a fórmula: 16-00-12. Dividindo a quantidade recomendada de N (130) pelo N (16) da fórmula, teremos (130/16) x 100 = 812 kg/ha + 1 kg de boro.
Cana queimada – necessidades em kg/ha = 100 N – 0;30 P2O5 – 130 K2O.
Fazendo o exercício acima teremos a fórmula 12-00-16, aplicada na base de 812 kg/ha + 1 kg de boro
Fertirrigação: em kg/ha – 180 N + 150 K2O + 30 S
Teremos a fórmula 180 – 0 – 150. Relação simplificada= 1,2-0-1. A fórmula que vai ser encontrada, fazendo os cálculos conforme explicado anteriormente, será: 15-00-12 na base de 1.200 kg/ha. Quanto ao enxofre, ele pode ser adicionada nesta fórmula desde que se use como uma das fontes de nitrogênio, o sulfato de amônio.
Aplicação aérea: 15 a 20 kg/ha de N + 200 g/ha de Mo.

Fonte: Utilização da adubação fluida na cultura da cana-de-açúcar. Cozze, Riolando – Bunge – Jaú-SP

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Adubação do Café

Notícias dão conta que os cafeicultores dos cerrado mineiro diminuíram em 30% a adubação tendo em vista o aumento dos fertilizantes. O produtor que em 2007 pagava de 900 a 1.000,00 por tonelada de adubo, em 2008 teve que desembolsar de 1.500 a 1.600,00 para adquirir a mesma tonelada. Para 2009 a projeção de redução de safra gira entorno de 30%. E isto vai influir nos anos subseqüentes. Na adubação de um hectare de café, o produtor gasta 1,8 t de adubo. Segundo Pierre Vilela, da FAEMG, em 2005, o produtor para comprar uma tonelada de adubo precisava de 2,7 sacas de café. Em 2007, 3 sacas e em 2008, 4,2 sacas.
É claro que a planta adubada corretamente, com as necessidades de nutrientes por ela exigidas, responde com altas produtividades. Por outro lado, altas produtividades exportam mais nutrientes. Então, esta diminuição de 30% no emprego de fertilizantes refletir-se-á na safra e, conseqüentemente, nas safras seguintes chegando a um empobrecimento do solo se outras medidas não forem tomadas. Outros cafeicultores estão reduzindo os custos com fertilizantes usando a palha do café. Esta palha é rica em nitrogênio (N) e potássio (K). Obtém-se cerca de 8% de palha vinda da produção de café. A economia com fertilizantes químicos chega a 10%. Mas sempre é necessária uma análise do solo para aplicar a quantidade correta.
Na adubação do cafezal, o fósforo (P) é o principal nutriente, indispensável durante todo o ciclo da planta. Entretanto, este nutriente, nos solos ácidos sofre com a fixação e se liga ao ferro e alumínio formando compostos insolúveis não aproveitados pelas plantas. Daí a necessidade da calagem para liberar este fósforo tornando-o disponível para a planta. O baixo teor de matéria orgânica contribui, também, porque em condições normais a mineralização da matéria orgânica é importante para liberar fósforo disponível para a planta. Como o fósforo é importante na formação do sistema radicular, dizem que é importante aplicar o fósforo via radicular. Entretanto, como fonte de fósforo, não se usa em sua totalidade o superfosfato simples porque ele contém, além deste nutriente, mais o enxofre. Mas para não onerar os custos, os cafeicultores preferem usar uma fonte alternativa de enxofre (S). O sulfato de amônio é outra fonte de enxofre. Mas este fertilizante acidifica o solo. Os cafezais, na sua maior parte, estão situados em solos ácidos. Além da acidez são carentes em cálcio (Ca) e magnésio (Mg). O uso em grandes quantidades de sulfato de amônio contribui para acidificar mais estes solos. É preciso um equilíbrio. O desequilíbrio pode influir na eficiência dos fertilizantes e diminui consideravelmente a produtividade do cafezal.
No sul de Minas, no período de outubro a março é que a planta aproveita melhor os nutrientes quando a adubação é feita de 3 a 4 vezes. Os adubos nitrogenados que apresentam as maiores perdas por lixiviação devem ser aplicados em intervalos de 40-60 dias. Quanto ao potássio (K), duas aplicações são suficientes. Em solos arenosos, o potássio deve ser parcelado com o nitrogênio. O fósforo pode ser aplicado em uma única vez, como no caso da fosfatagem.

Adubação do PlantioDeve ser feita conforme o resultado da análise do solo. Por exemplo:
Para uma recomendação de 40 g/cova de fósforo e 20 g/cova de potássio temos uma relação 00-40-20. Dividindo-se a relação por 20 teremos uma relação simplificada 0-2-1. Multiplicando por 10, a fórmula encontrada é 00-20-10. A quantidade é encontrada dividindo-se a recomendação de fósforo (40 g) pelo teor do nutriente na fórmula (20) e multiplicando por 100. Chega-se a uma dose de 200 g/cova desta formulação. Adiciona-se até 1 g/cova de boro (B) e até 2 g/cova de zinco.
Conforme o teor de matéria orgânica no solo, aplica-se esterco de curral em L/cova.
Matéria orgânica <> 20 g/kg – 2 L/cova.

PegamentoProcede-se a adubação de cobertura utilizando-se 4 g/planta de N (10 g de uréia) de 2 a 3 aplicações, no período chuvoso. Isto é importante, pois a aplicação em períodos secos, com estiagem, provoca perdas de nitrogênio para o ar. Ou utilizar sulfato de amônio pois as perdas de N são bem menores, mas há o perigo de acidificar o solo pelas reposições continuadas. O adubo é aplicado ao redor da planta a uma distância de 10 cm do caule.

Primeiro ano após o plantioAplicar 6 g/planta de N (15 g de uréia) e mais 4 g/planta de K (7 g de cloreto de potássio por 2 ou 3 vezes, no período chuvoso. Em vez de utilizar os fertilizantes simples (uréia, cloreto de potássio), pode-se utilizar os fertilizantes em misturas. Neste caso, seria utilizada a fórmula 15-00-10 na base de 40 g/planta por aplicação.

Segundo ano e sucessivos
Aplica-se o dobro da recomendação para o primeiro ano. Neste caso, 80 g/planta da fórmula 15-00-10 por aplicação.

Terceiro ano e sucessivos
Seria a adubação de produção. Aqui, mais uma vez, chamo a atenção dos cafeicultores para realizarem a análise do solo e a análise de planta (foliar). A medida que se busca maiores produções de sacas/ha, a necessidade e a reposição de nutrientes aumenta. Existem tabelas de recomendação para os Estados produtores de café. Vamos supor que para uma produção de 50-60 sacas de café por hectare, as necessidades de nutrientes para um solo cuja análise foliar e do solo apresentaram os seguintes resultados:
N nas folhas – 27 g/kg
P – 8 mg/dm³
K – 0,17 cmolc/dm³. Em mmolc/dm³ seria 1,7
A recomendação técnica foi de 160 g/planta de N, 70 g/planta de P2O5 e 140 g/planta de K2O. Temos uma relação 160-70-140. Dividindo ela pelo menor número (70) teremos uma relação simplificada: 2,28-1-2. Multiplicando pelo coeficiente 8 chegamos a uma fórmula 18-8-16. Dividindo a recomendação, por exemplo, N (160) pelo N da fórmula (18) e multiplicando por 100, a dose será de 900 g/planta.
No caso de aplicar fertilizantes simples, as quantidade a serem usadas para os 160 N-70 P2O5-140 K2O seriam: 350 g de uréia, 150 g superfosfato triplo e 230 g de cloreto de potássio.
A adubação nitrogenada deve ser parcelada em 4 vezes e a com potássio em 2 vezes. Entretanto pode-se usar uma fórmula que contenha os dois nutrientes: NK. Ou seja, as necessidades são 160 N e 140 K2O.
Nitrogênio (N): 160 em 4 aplicações – 40 g/planta/aplicação
Potássio (K): 140 em duas aplicações – 70 g/planta/aplicação
Por aplicação temos: 40 N + 70 K2O. Dividindo por 70 teremos uma relação simplificada de 1-1,75. Multiplicando por um coeficiente 10, a fórmula será 10-00-18. A quantidade: 400 g/planta/aplicação.
As outras 2 de nitrogênio de 40 g por aplicação, seria 90 g/planta/aplicação de uréia.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Adubação Foliar - micronutrientes nas culturas de café e algodão

Cultura do Café
A adubação foliar com os nutrientes NPK e Mg não substitui a adubação de solo. Deve ser utilizada apenas para corrigir as deficiências destes nutrientes e apresentadas pelas plantas.
Então, no café, deve-se dar ênfase aos micronutrientes pois as plantas respondem muito bem às aplicações dos mesmos. O café necessita dos micronutrientes zinco, boro, cobre e manganês. A correção de zinco em solos arenosos é mais eficiente que em solos argilosos. Mas por via foliar é ótima.
O boro (B), devido a sua imobilidade, deve ser recomendado em adubação foliar. O manganês e o cobre devem, também, ser corrigidos por via foliar.
Os cafeicultores usam a prática de aplicar zinco e boro, principalmente, em várias aplicações durante o ano. Isto deve ter um cuidado muito especial pois, muitas vezes, estas aplicações são desnecessárias e causam problemas de toxidez para as plantas, causando grandes perdas na produção e, consequentemente, no lucro com a lavoura. Por isto, mais uma vez, chamo a atenção que é necessária uma análise criteriosa das plantas feita em laboratórios químicos.
Os sintomas de deficiência podem ser observados "a olho nu", visual, mas isto exige uma prática muito grande. Mas quando os sintomas chegam a ser visíveis, a produtividade já está comprometida. Neste caso, o melhor é fazer a análise química da planta, de preferência antes de iniciar o período das pulverizações.
Cuidados especiais devem ser tomados na composição das soluções:
1) o cobre (Cu) diminui a absorção de zinco (Zn) em 50%;
2) o cloreto de potássio aumenta a absorção de zinco;
3) borax e sulfato de zinco não devem ser misturados. Usar no lugar do borax, o ácido bórico;
4) o nitrogênio da uréia e o potássio têm melhor absorção quando o pH é 7,0;
5) o pH 3,0 facilita a absorção de fósforo.

Cultura do algodão

Os nutrientes devem estar à disposição no período de 35 a 110 dias após a emergência. Isto corresponde ao início da fase reprodutiva. Os nutrientes aplicados como complemento foliar são:
Nitrogênio (N) – deve ser aplicado quando houver deficiência. Usar uréia na concentração de 5 a 7%, a baixo volume. No mínimo devem ser feitas 3 aplicações durante o florescimento. Adicionar 100 a 200g/ha de molibdênio (Mo) na forma de molibdatos de amônio ou de sódio.
Potássio (K) – este nutriente é recomendado quando o solo for arenoso e apresentar baixos níveis de potássio no plantio ou quando se deseja altas produtividades em cultura irrigada. Usa-se o nitrato de potássio via foliar em 4 a 6 aplicações semanais após o florescimento. A dosagem é de 4 a 8 kg/ha por aplicação (80 a 120 dias após emergência).
Com relação ao micronutrientes, os mais exigidos pela cultura do algodão são: boro, manganês e zinco. Em menores quantidades, os micronutrientes cobre, ferro e molibdênio: Ou seja:
Manganês – 240 g/ha ;
Zinco – 400 g/ha ;
Cobre – 24 g/ha
Boro - 60 g/ha (em três aplicações ou 45-70 dias após emergência).
Molibdênio – 60 g/ha em duas aplicações (45-60 dias após emergência)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Calagem e Adubação do arroz irrigado no RS - Parte II

Na "Calagem e Adubação do arroz irrigado no RS - Parte I, comentamos sobre as necessidades de calcário, interpretação da análise do solo quanto a sua necessidade, quando aplicá-lo, os micronutrientes, a toxidez do ferro. Nesta Parte II, vamos abordar os nutrientes NPK, as recomendações de adubação com estes nutrientes, de acordo com os teores dos mesmos no solo, e buscando um incremento de produtividade em t/ha, ou seja, uma produção acima da média da região com cultivares que não foram adubados; de acordo com o que se espera incrementar em termos de produtividade. Busca-se incrementar o potencial dos cultivares. Os dados foram obtidos através dos pesquisadores do Instituto Riograndense do Arroz - IRGA.

O Nitrogênio (N):
O nitrogênio no solo é proveniente da decomposição e mineralização da matéria orgânica. Portanto, neste caso, a matéria orgânica avalia a disponibilidade de nitrogênio no solo. Em relação ao nitrogênio, os cultivares de arroz irrigado são divididos em três categorias:
Cultivares tradicionais: aqueles que apresentam baixa resposta à aplicação de nitrogênio;
Cultivares intermediários: apresentam resposta intermediária – variedades americanas;
Cultivares modernos: são aqueles que apresentam maior resposta ao N.
Incremento de produtividade:
As tabelas de recomendação de nutrientes (NPK) são baseadas nos “rendimentos potenciais” de cada região, e no “incremento de produtividade”. O “rendimento potencial” de uma região é a produtividade média alcançada sem adubação. Por isto, nas tabelas de recomendação, a seguir, encontramos incrementos de produtividade de 2, 3, 4 t/ha.




Quando a radiação solar é alta – no período de 15 dias antes do florescimento e 15 dias depois – há probabilidades de rendimentos elevados, e, portanto a resposta do arroz à aplicação de quantidades maiores de nitrogênio (N); isto se consegue quando o arroz é semeado dentro da época recomendada.
A uréia e o sulfato de amônio são as fontes de N mais recomendadas – amídica e amoniacal, respectivamente – pois, nestas condições de solo irrigado, as perdas de N por lixiviação e desnitrificação são menores. Os fosfatos diamônio (DAP) e monoamônio (MAP) usados pelos fabricantes nas formulações, como fontes de nitrogênio e fósforo, também são recomendáveis quando aplicados em cobertura.
Se a cultura anterior foi uma leguminosa/gramínea, a recomendação de N pode ser reduzida em 30%; ou se em lavouras anteriores houve ocorrência de bruzone, visto que o desenvolvimento desta doença é favorecido pelo excesso de N; ou houve um exagerado desenvolvimento vegetativo.
A aplicação de N deve ser parcelada; em solo seco utiliza-se 10 kg/ha de N e o restante em cobertura. Nas dosagens inferiores a 50 kg/ha a aplicação de N deve ser feita numa única vez por ocasião da diferenciação da panícula.
Na cobertura pode-se aplicar a metade no início do perfilhamento (emissão da 4ª folha) e a outra metade na diferenciação da panícula. Em cultivares de ciclo longo - maior que 135 dias – aplica-se 1/3 no perfilhamento, 1/3 no perfilhamento pleno e mais 1/3 na diferenciação da panícula.
No sistema pré-germinado, a aplicação de N na semeadura não é indicada pelas perdas de desnitrificação.Nos solos secos, aplicar N em cobertura três dias antes da irrigação. A irrigação incorpora o fertilizante e o deixa disponível por um período mais longo. A aplicação sobre a água deve ser com a lâmina não circulante.

O Fósforo:
O nutriente fósforo (P) tem um papel muito importante no crescimento da planta, e devido a sua baixa mobilidade no solo, sua grande translocação no interior da planta, sua dose deve ser aplicada totalmente no plantio. Os fosfatos naturais reativos misturados com os fosfatos solúveis em água têm mostrado eficiência agronômica em solos com teores de P maiores que 3 mg/dm³.
Para solos com teores de P Mehlich acima de 3 mg/dm³ pode-se utilizar fosfatos naturais reativos. Mas lembre-se! “O fosfato natural deve ser reativo”. Fosfatos naturais reativos são aqueles que aplicados ao solo apresentam eficiência agronômica. Como saber se um fosfato natura é reativo? Quando o fosfato natural apresentar alta solubilidade num extrator, o ácido fórmico a 2%, na relação 1:100. Relação 1:100 significa 1 g de fosfato diluído em 100 ml de ácido. No Mercado Comum Europeu, os fosfatos naturais são considerados reativos quando apresentam mais de 55% do fósforo total solúvel em ácido fórmico 2%, 1:100. Quanto maior esta percentagem mais reativo é o fosfato natural.
Os fosfatos naturais de Gafsa, Arad, apresentam alta reatividade. Infelizmente os fosfatos naturais brasileiros são de baixa reatividade; prestam-se mais para serem solubilizados por ácidos fortes – fosfórico, sulfúrico – para a produção de fosfatos solúveis em água.
Em solos que receberam fosfatos naturais, como fonte de P, deve-se adotar o método resina. Para solos com teores acima de 6,0 mg/dm³ e 20 mg/dm³ de P – respectivamente Mehlich e Resina – as probabilidades de retorno econômico são muito pequenas, pois estes valores são considerados teores críticos. Neste caso, a adubação fosfatada deve, apenas, repor os nutrientes retirados pelas culturas.


O Potássio (K):
O arroz irrigado é exigente em potássio (K), mas apresenta baixa resposta ao nutriente. Isto pode ser devido ao K contido na água de irrigação, os processos de troca no complexo coloidal do solo, a liberação de K nas frações não trocáveis, pela inundação, e a substituição do K pelo sódio (Na); o sódio é abundante em grande parte dos solos cultivados com arroz.
Aqui, a capacidade de troca de cátions, CTC a pH 7,0 foi considerada:
Tabela K
O cloreto de potássio deve ser o principal fertilizante a ser usado nestes solos cultivados com arroz.
O sulfato de potássio (50% de K20), em condições de temperatura alta pode liberar H2S que é tóxico para o arroz.






Exercício:
Um produtor mandou fazer a análise do solo, na área a ser plantada com arroz irrigado, e o resultado foi 2,8% de matéria orgânica M.O., médio teor de potássio (K), uma CTC a pH 7,0 de 5,4 cmolc/dm³, um teor de fósforo (P) de 2,01 mg/dm³ pelo método Mehlich, e 8,0 mg/dm³ de P pelo método Resina. A meta é um incremento de produtividade de 4 t/ha. O produtor utilizará cultivares modernos com alta resposta à adubação. Na safra 2008/2009 foi plantado uma leguminosa, a soja, e vem ocorrendo nas safras anteriores o aparecimento da doença bruzone. Quais as fórmulas de fertilizantes similares que podem ser aplicadas na lavoura ?
Pelas tabelas anteriores de recomendação, as necessidades de nutrientes NPK são:
Nitrogênio (N): 110 kg/ha;
Fósforo (P2O5): 60 kg/ha;
Potássio (K2O): 70 kg/ha
Aplicação de N:como foi plantada soja na safra anterior e vem ocorrendo ataque de bruzone, vamos reduzir a necessidade deste nutriente em 30%, ou seja, vai ser preciso 77 kg/ha.
O produtor irá aplicar 10 kg/ha de N, no plantio, e 0s restantes 66 kg/ha ele irá aplicar em cobertura, dividindo a dose em 2 aplicações: 33 kg/ha no perfilhamento, e os restantes 33 kg/ha na diferenciação da panícula.
Então no plantio, será aplicado 10 kg de N, 60 kg de P2O5 e 70 kg de K2O. Temos uma relação entre os nutrientes de 10-60-70. Vamos simplificar esta relação dividindo todos pelo menor número; neste caso, 10. Obtemos uma relação simplificada 1-6-7. Para achar as fórmulas similares, basta multiplicar esta relação por coeficientes (2,3,4,...8).
Por exemplo, multiplicando por 3 a relação simplificada, teremos uma fórmula 03-18-21. Qual a quantidade em kg/ha desta fórmula para fornecer os nutrientes que o arroz precisa? É só "dividir a necessidade de qualquer nutriente – por exemplo, 10 – pelo teor respectivo do nutriente na fórmula, e multiplicar por 100". É o caso de (10/3) x 100 = 333 kg/ha. Ou (70/21) x 100 = 333 kg/ha. No quadro abaixo são apresentadas outras fórmulas similares, seguindo este raciocínio.





Estas fórmulas encontradas baseiam-se nos dados hipotéticos apresentados como espelho dos teores de nutrientes encontrados no solo, e que serviram para a execução do exercício. Na prática, é só identificar os teores de nutrientes de uma análise do solo, estabelecer as recomendações de nutrientes, elaborar a relação simplificada, e chegar às formulas de fertilizantes similares.

Convém alertar, entretanto, que os “incrementos de produtividade” dependem da utilização de sementes certificadas, o bom manejo do solo, controle de pragas e doenças, e outras práticas, são essenciais para um incremento da produção. Esquecer isto e só pensar em adubar, não resolve nada. As recomendações de adubação são uma média da resposta do arroz irrigado à adubação e ao incremento de produtividade. As dosagens devem ser ajustadas à capacidade de resposta dos cultivares a este incremento. Nada adianta utilizar altas recomendações de nutrientes visando um máximo de incremento na produção, e utilizar cultivares de arroz tradicionais, de baixa resposta.

sábado, 5 de setembro de 2009

Os Índices de Produtividade

Em 1980, com base no Censo Agropecuário de 1975, o governo fixou os índices de produtividade: estes determinavam que a “terra tem que produzir alimentos”. Passados quase 20 anos, o governo quer atualizar os índices: serão fixados com base nos dados apresentados pela Produção Agrícola Municipal (PAM) elaborada pelo IBGE, por microrregião geográfica, a partir da média de produtividade entre o período de 1996-2007: cultura por cultura; região por região. Os índices de produtividade entrarão em vigor em 2010. Eles são estabelecidos por Lei e é uma obrigação do governo: assegurar que as terras agricultáveis sejam usadas; produzam alimentos para toda população; não sejam usadas para reforma agrária. As terras improdutivas serão usadas para reforma agrária disse o Sr. Cassel, Ministro do Desenvolvimento Agrário. Mas o que é no seu entender terras improdutivas que possam ser trabalhadas para a reforma agrária? Se são improdutivas... O melhor seria chamar de propriedades improdutivas, que não produzem o suficiente por área. Segundo o próprio Ministro, a maior parte das áreas permanecerão nos novos índices de produtividade ou acima deles, porque os proprietários também evoluíram tecnicamente, e aumentaram a produtividade da suas lavouras. Senão, vejamos:

O Ministro Cassel cita que no município de Sorriso – MT, o índice de produtividade da soja passará de 1.200 para 2.400 kg/ha; entretanto o rendimento médio na safra 2006/2007 foi de 3.062 kg/ha. No RS, em Bento Gonçalves, o índice da uva aumentará de 12.000 para 13.303 kg/ha; o rendimento na safra 2006/2007 foi de 15.000 kg/ha.
Portanto, pelo que se vê, os que produzem dentro da média não têm com o que se preocupar. Como o INCRA faz sua vistoria voltada para um ano pra trás, em 2011 este trabalho estará sendo executado com base nos índices alcançados pelos produtores em 2010. Fatores como disponibilidade de crédito, custos elevados dos insumos, baixos preços pagos ao produtor não são levados em conta. É claro que, a princípio, os índices atualizados estarão abaixo das médias obtidas atualmente; mas permaneceria na terra aquele que a explorasse de maneira racional, com adoção de tecnologia moderna para obtenção de altas produtividades; os que assim não o fizessem seriam eliminados naturalmente do processo de exploração econômica da terra.